O site The Intercept Brasil, desde o inicio de junho tem publicado uma série de reportagens com conversas vazadas entre o então juiz Sérgio Moro e procuradores que atuam na força-tarefa da Operação Lava-Jato. Desde então haviam expectativas com relação a publicações não apenas dos diálogos em texto, mas também áudios. O primeiro foi publicado nesta terça-feira (09/07) exatamente um mês após a primeira publicação da série que colocou em cheque a atuação e condução dos envolvidos na operação.
Na manhã de 28 de setembro de 2018, em pleno período eleitoral, a imprensa e o Diário de Goiás noticiaram que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski autorizava o ex-presidente da República, já preso em Curitiba, a conceder entrevista ao jornal Folha de São Paulo. O assunto que já foi pauta de outra matéria desta série, revelou que os procuradores ficaram pavorosos com a notícia. Logo começaram a se movimentar numa medida de articulação para evitar que Lula pudesse conceder a entrevista. Procuradora Laura Tessler, chegou a dizer que a medida era uma “piada”. “Um verdadeiro circo”, disse ela. Uma outra procuradora, Isabel Groba, exclamou: “Mafiosos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”
O medo deles tinha uma base: se estivesse elegível para as eleições, Lula apontava como líder nas pesquisas e poderia levar o pleito já no primeiro turno. Não elegível, uma entrevista que pudesse conceder “pode eleger o Haddad”. Permitiria a “volta do PT”, segundo os procuradores.
A angústia acabou com um áudio enviado de Dallagnol. 12 horas depois, o relógio registrava 23:32, quando o procurador enviou mensagens em caixa alta: “URGENTE” e continuou “E SEGREDO”. Daí, prosseguiu dizendo: “Sobre a entrevista quem quiser ouve o áudio”.
Após explicar que o ministro Luiz Fux proferiu uma liminar suspendendo a decisão de Lewandowski que autorizava a entrevista de Lula e que o conteúdo que estava dizendo deveria permanecer em sigilo “para evitar precipitar recurso de quem tem uma opinião contrária a nossa”. No final do áudio comemorou dizendo que a notícia sacramentava um “bom começo de final de semana”.
A revelação do áudio se dá no mesmo dia em que Dalton Dallagnol deveria ir a Câmara dos Deputados, prestar esclarecimentos sobre os vazamentos na Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Marcado para iniciar nesta terça-feira (09/07) às 14h, o procurador alegou que não reconhecia a autenticidade das conversas.