Após registrar em junho a maior alta para o mês desde 1995, a inflação dá indícios de que trará algum alívio ao consumidor em julho com os preços dos alimentos retornando à normalidade após o impacto da paralisação de caminhoneiros.
O IPCA-15 deste mês, indicador que serve como uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou para 0,64%, informou o IBGE nesta sexta-feira (20).
O número mostra uma redução de 0,47 ponto percentual em relação aos 1,11% de junho, mas ainda assim é a maior taxa para um mês de julho desde 2004 (0,93%). O indicador veio pressionado pelos preços médios de gastos com a casa, como energia e gás.
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3%, e em 12 meses, acelerou para 4,53%.
A expectativa dos analistas ouvidos pela agência Bloomberg era de um índice de 0,73% na comparação mensal e 4,63% na base anual.
No mês passado, o IPCA (inflação oficial) avançou 1,26%, pressionado pelo movimento de caminhoneiros que começou em 21 de maio e durou 11 dias.
Economistas ouvidos pela pesquisa Focus, do Banco Central, projetam que a inflação feche o ano em 4,15%, dentro do centro da meta do governo para 2018, de 4,25%.
Os alimentos -vilões do indicador anterior, quando apresentaram alta de 1,57%- subiram 0,61% em julho.
Essa desaceleração ocorreu, segundo o IBGE, devido ao realinhamento nos preços médios de itens alimentícios após a explosão de junho.
Os alimentos tiveram altas porque muitos produtos ficaram retidos em bloqueios nas principais estradas do país. Centros de distribuição de alimentos e entrepostos passaram dias sem receber carregamentos dos principais produtos, o que fez os preços dispararem diante da falta.
Quando a situação nas estradas se normalizou, houve uma corrida dos consumidores aos mercados para abastecer novamente suas despensas, o que contribuiu para retardar a normalização dos preços.
Entre os itens com as principais variações negativas em julho estão batata-inglesa (-24,80%, ante 45,12% em junho), tomate (-23,57%, ante 14,15%), cebola (-21,37%, ante 19,95%), hortaliças (-7,63%, ante 4,02%) e frutas (-5,24%, ante 2,03%).
Outros produtos, no entanto, seguem em alta, como o leite longa vida (18,3%), o frango inteiro (6,69%) e em pedaços (4,11%), o arroz (3,15%), o pão francês (2,58%) e a carne (1,1%).
O grupo de transportes registrou alta de 0,79%, bem abaixo dos 5,94% de junho. Isso porque os combustíveis recuaram 0,57%, com redução nos preços médios do óleo diesel (-6,29%), do etanol (-0,78%) e da gasolina (-0,37%).
Na outra ponta, as passagens aéreas subiram 45,05%.
O preço médio dos pedágios avançaram 0,46%, apropriando sobretudo, de acordo com o IBGE, reajustes concedidos a partir de 1º de julho em diversas áreas de São Paulo, que variaram de 2,34% a 3,37%.
O vilão de julho deve ser a habitação, que mostrou a maior variação entre os grupos do IPCA-15, acelerando 1,99% e respondendo por quase metade do indicador deste mês.
Os preços médios da energia elétrica avançaram 6,77%, com reajustes nas tarifas em São Paulo, Curitiba, Brasília, Porto Alegre e Belo Horizonte. O item teve o maior impacto individual no índice do mês.
O botijão de gás subiu 1,36%. No início de julho, a Petrobras autorizou reajuste de 4,38% para o botijão de 13 kg nas refinarias, observa o IBGE. (Folhapress)