Planejamento qualificado com base em estatísticas e melhora nos exames toxicológicos são armas valiosas na redução do número de acidentes de trânsito.
Os especialistas reunidos na segunda mesa do Fórum Segurança no Trânsito, realizado pela Folha de S.Paulo nesta segunda (29), com patrocínio da Ambev e da Labet, concordaram que, além de promover políticas públicas de qualidade, é importante prevenir acidentes garantindo que o motorista estará em condições de dirigir.
“O problema dos motoristas profissionais não é o álcool, mas as drogas. Metade dos alimentos que chegam às nossas mesas são transportados por usuários de drogas”, afirmou Rodolfo Rizzotto, coordenador do programa SOS Estradas.
“Caminhoneiros se drogam porque as empresas têm um sistema de exploração que faz com que tenham que recorrer a isso para sobreviver à jornada”, completou.
Segundo Rizzotto, os exames feitos em motoristas são protocolares, duram poucos minutos e são incapazes de detectar problemas que deveriam impedi-los de ter habilitação.
A obrigatoriedade do exame toxicológico também foi levantada como solução por Moacir Rossetti, secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Governo de São Paulo, mas seu posicionamento foi mais focado na questão da fiscalização e obtenção de dados.
O secretário-adjunto defende o sistema Infosiga, iniciativa do governo do Estado em parceria com entidades privadas e prefeituras, que detalha informações como local, horário e circunstâncias dos acidentes de trânsito.
Ele ressaltou a importância de que essas informações cheguem de forma transparente à população e aos tomadores de decisão.
O sistema permitiu notar, por exemplo, que um terço dos acidentes vitimam pedestres, 80% dos causadores de acidentes fatais são homens e que 94% se devem a falha humana. “A metodologia visa subsidiar o planejamento, a tomada de ação. É importante que a polícia fiscalize, mas a questão é como fazer intervenção focada para intensificar o efeito dessa fiscalização”, disse Rossetti.
Pedro Mariani, diretor jurídico e de assuntos corporativos da Ambev, parceira do Estado na implementação do Infosiga, disse que a empresa investe no programa porque quer “ser parte da solução” para os índices de acidentes nas rodovias e considera importante amealhar dados para tomar melhores decisões.
“O sistema não vai te dar a resposta exata, mas permite que você note que em determinado local acontecem mais acidentes, e aí você vai até lá para ver que medidas implementar. Às vezes são coisas singelas, cortar um galho de árvore, melhorar a visibilidade de um semáforo.”
Rizzotto citou como exemplo de sucesso na prevenção a implantação das faixas reflexivas em caminhões, que permite aos outros motoristas ver o outro veículo a 200 metros de distância, contra os 20 metros que são necessários em caminhões sem o aparato. (Folhapress)