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Cidades
| Em 11 meses atrás

Presidente do Simego ressalta reclamação geral de médicos vinculados à Fundahc

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O Diário de Goiás (DG) entrevistou a presidente do Sindicato dos Médios no Estado de Goiás (Simego), Franscine Leão, na última terça-feira (23), para tratar sobre a assistência à saúde da população goiana e a preocupação quanto às irregularidades em relação aos médicos vinculados à Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc). Durante a conversa, foram especificadas as maternidades Nascer Cidadão, Célia Câmara e Dona Iris.

Segundo a presidente, desde julho foram inúmeras tratativas e solicitações de regularização das condições de trabalho, uma vez que os médicos vinculados à Fundahc sofrem com falta de insumos, material médico e medicamentos, além de irregularidade nos pagamentos dos honorários profissionais.

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“Infelizmente a gente percebe que não tem ocorrido essa tentativa de regularização, muito pelo contrário, nós estamos atualmente há três meses em atraso salarial. Portanto, além de todas essas questões de falta de condições de trabalho e material médico, ainda assim ocorreu o atraso salarial”, afirmou a presidente do Simego.

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De acordo com ela, essa situação já aconteceu em setembro, chegando inclusive a fazer uma paralisação na Maternidade Célia Câmara, que repercutiu no repasse da Secretaria Municipal de Saúde [SES-GO] para a Fundahc. “A gente observou que depois disso a Fundahc não tem conseguido honrar com os seus honorários médicos e muito menos continuar cumprindo com o suprimento dos insumos necessários para a execução da boa medicina”, relatou.

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Na terça, o Simego esteve nas três maternidades, afirmando que os médicos estão aderindo ao movimento e desejam que as questões sejam ouvidas e, mais importante, resolvidas. A presidente ressaltou que quando um profissional presta serviços e assistência para a população, automaticamente essas pessoas têm o direito de ter as dívidas pagas e o salário garantido.

“Eles esperam que a Secretaria ouça as demandas da Fundahc e a Fundação ouça as demandas dos profissionais médicos que atuem vinculados às maternidades”, disse.

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Franscine ainda afirmou que a Fundahc não possui fins lucrativos, portanto, se não recebe o valor por serviços prestados, não consegue efetuar os pagamentos dos honorários médicos e garantir assistência para a população.

Diálogo com a Prefeitura

Sobre o diálogo entre o Simego e a Prefeitura, a presidente relatou que a resposta que se tem é que após o dia 20 a verba do Sistema Único de Saúde (SUS) começaria a entrar e, possivelmente, algumas circunstâncias começariam a ser regularizadas juntamente com a Fundahc.

“A gente até chegou a ter um ofício e tivemos uma outra resposta da Fundahc hoje [terça-feira]. Ontem [segunda-feira] informaram que tinham perspectiva de receber uma verba da Secretaria e talvez efetuariam os pagamentos nos próximos dias”, afirma.

De acordo com ela, as demandas vão além do pagamento dos honorários médicos. Dentre as solicitações, estão ainda melhores condições de trabalho, já que faltam inclusive fios de sutura, ressaltando a impossibilidade de realizar uma cirurgia sem condições estruturais.

Ela relatou também que a piora das condições foi progressiva no ano passado, de julgo até setembro. “Nesse período as maternidades estavam totalmente desabastecidas. não tinha a mínima condição de assistência à população e aí começaram os processos de regularizar. A Fundahc estava tentando regularizar esses insumos, mas a gente percebe que está voltando o desabastecimento”, diz.

Reclamação geral

A presidente do Simego afirmou ser uma reclamação de todas as unidades, com falta de materiais básicos, como por exemplo papel higiênico e papel toalha para secar as mãos. Segundo Franscine, durante um plantão operado por ela, não conseguiu calçar as luvas, já que a mão estava molhada pela falta do material.

“É inviável, não tem como prestar uma assistência de qualidade se não tem condições de trabalho”, reclamou.

Dificuldade da SES-GO

Franscine afirmou que observou a dificuldade na SES-GO esse ano, em relação ao empenho da verba parlamentar e orçamentária destinada à saúde. “Houve um atraso na Secretaria Estadual de Saúde. Como a Fundahc é uma Fundação de gestão, ela tem, de certa forma, uma perspectiva de reserva de capital para essa transição. A gente não observou esses processos anteriormente e esse processo de desabastecimento de não quitar os honorários médicos, vem arrastado desde julho”, disse, reforçando que não tem relação com a mudança do ano vigente.

A chefe do Simego diz que se percebe uma falta da Secretaria Municipal de Saúde, que não fomenta os hospitais que sustenta, citando como exemplo dificuldades também na Santa Casa e no Hospital Araújo Jorge, que praticamente não tem condições de atuar. Entretanto, segundo a presidente, não há risco de paralisação da Santa Casa, mas que a dificuldade está concentrada na escala de plantão, uma vez que os médicos não aceitam trabalhar lá.

O Hospital Araújo Jorge, por sua vez, sofre com dificuldades de assistência, já que a “Secretaria há alguns anos vem desmonetizando as unidades hospitalares que ela sustenta”. “A gente não sabe se está despriorizando, não estão quitando, não estão arcando com os compromissos financeiros para com os hospitais que assistem a população goianiense”, afirmou.

Paralisação

A presidente do Simego afirmou que a paralisação não diz respeito aos atendimentos de urgência, mas sim de atendimentos eletivos. Ela explica que a Fundahc tem uma classificação de risco, nomeada de Manchester, em que classifica os pacientes como amarelo, laranja ou vermelho, estes são atendidos, e os pacientes verdes e azuis são encaminhados para a rede municipal de saúde.

“No caso dos atendimentos eletivos, consultas, exames, exames de imagem, ultrassom, radiografia e todos os outros da assistência eletiva estão interrompidos nessas 48 horas”, explica.

Devido a falta de movimentação para quitação das dívidas, Franscine avalia que poderá ocorrer uma nova assembleia para a categoria, buscando acatar, honrar e respeitar a decisão conforme a solicitação dos médicos. Segundo ela, esse não é o desejo, exemplificando que a paralisação foi um sinal de advertência.

“A gente observa que não vai caminhar para a resolução do problema nessas próximas 48 horas e a gente deve chamar uma nova assembleia futuramente”, advertiu.

Confira a entrevista na íntegra

https://www.youtube.com/watch?v=Ipoa0pAh7yc
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Maria Paula

Jornalista formada pela PUC-GO em 2022 e MBA em Marketing pela USP.