O presidente iraniano, Hasan Rowhani, cancelou a reunião que teria com o presidente Michel Temer nesta quarta-feira (20) em Nova York, onde os dois participam da Assembleia Geral da ONU.
Segundo a missão iraniana nas Nações Unidas, “mudanças de última hora na agenda do presidente levaram ao cancelamento” de encontros.
Não está claro se o rearranjo na agenda de Rowhani tem ligação com a reunião, nesta quarta (20), de chanceleres dos países do P5+1 (EUA, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) e do Irã para discutir o futuro do acordo sobre o programa nuclear de Teerã.
Esse será o primeiro encontro entre o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, e o ministro iraniano, Mohammad Javad Zarif.
Na terça (19), em seu discurso na Assembleia Geral, o presidente Donald Trump indicou que pode quebrar o acordo sobre o programa nuclear com o Irã ao afirmar que é “um dos piores” já feitos pelos EUA e uma “vergonha” para o país.
O governo Trump precisa definir, até 15 de outubro, se considera que Teerã está cumprindo sua parte do acordo. Se considerar que não, o Congresso tem 60 dias para decidir se impõe novamente as sanções que tinham sido suspensas sob o acordo.
A expectativa era de que Rowhani pedisse diretamente ao presidente Temer ajuda para conseguir que bancos brasileiros aceitem fazer transações importantes para o comércio bilateral entre os dois países.
O Brasil demonstrou grande interesse no comércio bilateral com o Irã depois do acordo sobre o programa nuclear do país feito com potências do P5+1 em 2015, que aliviou parte das sanções.
No entanto, bancos brasileiros ainda resistem em aceitar cartas de crédito do governo e de empresas iranianas temendo algum tipo de retaliação dos EUA. Com isso, negócios como a possível compra de aviões da Embraer pelo Irã estão paradas.
Na manhã desta quarta (20), Temer se reuniu com o presidente da Guiana, David Granger. Mais tarde, ele participará de um evento organizado pelo jornal “Financial Times” em Nova York.
Na terça (19), o presidente se reuniu com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. O israelense convidou Temer para visitar seu país e ouviu do presidente brasileiro o convite para ir a Brasília. Nos últimos dias, Netanyahu visitou três países da região -Argentina, Colômbia e México-, mas deixou o Brasil de fora.
O israelense defendeu desenvolvimento de softwares para a indústria automobilística e projetos de carros autônomos e propôs joint ventures com empresas brasileiras. Temer, por sua vez, disse que o Brasil quer investimentos israelenses.
O presidente também se reuniu nesta terça com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi.
Com Sisi, a conversa também foi essencialmente comercial, com o Egito se vendendo como um “hub” para exportações brasileiras para a Africa. O acordo de livre comércio entre Mercosul e Egito entrou em vigor no último dia 1º, após ratificação da Argentina.
Abbas, por sua vez, agradeceu o apoio brasileiro à causa palestina, reforçado por Temer durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça (19). (Folhapress)