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| Em 3 anos atrás

Presidente do FNDE diz ter ouvido ‘conversas tortas’ sobre pastores no MEC

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Na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte, disse nesta quarta-feira, 25, que “ouviu conversas tortas” sobre a relação de pastores com o Ministério da Educação, mas que nunca recebeu ordem direta do então ministro, Milton Ribeiro, para liberar recursos a prefeituras de acordo com pedidos dos religiosos.

A captura do ministério pelos pastores, que intermediavam o acesso de prefeitos aos recursos da pasta e controlavam a agenda do então ministro, foi revelada pelo Estadão em uma série de reportagens em março deste ano que culminaram com a demissão de Ribeiro.

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“Em agosto do ano passado após chegar de uma viagem, ouvi da minha equipe e de algumas pessoas algumas conversas tortas sobre a relação com os pastores. Imediatamente procurei o secretário-executivo de então, o atual ministro Victor Godoy”, alegou Ponte. “Não tinha provas, mas para minha segurança e para o bom caminhar da minha gestão fui ao secretário e depois fui ao ministro Milton.”

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Ponte disse que Ribeiro, então, encaminhou o caso à Controladoria-Geral da União. “Eu nunca recebi nenhuma ligação ou do ministro para priorizar nenhum tipo de ação ou ingerência por parte dos pastores”, completou.

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Em uma conversa gravada, porém, Ribeiro admitiu que priorizava o atendimento a prefeitos que chegavam ao ministério por meio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Falando a dirigentes municipais dentro do ministério, o então ministro disse que seguia ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ponte também disse na Comissão de Educação que foi ouvido pela CGU e que colocou o próprio sigilo fiscal, bancário e telefônico à disposição das autoridades para conferência. Ele minimizou, ainda, uma licitação preparada pelo governo com preço inflado para comprar 3.850 ônibus escolares.

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Segundo o presidente do FNDE, a CGU acompanhou todo o processo. Como mostrou o Estadão, porém, o órgão preferiu tocar a concorrência com risco de sobrepreço de mais de R$ 700 milhões mesmo com alertas de órgãos de controle.

Relembre o caso

O FNDE esteve no centro do escândalo do “gabinete paralelo” de influência dos pastores no ministério revelado pelo Estadão.

O grupo foi capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade. Os pastores agiam como lobistas, atuando para liberar e ou acelerar o empenho de recursos a determinados municípios.

Em um dos episódios divulgados pelo Estadão, o prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), afirmou que o pastor Arilton Moura pediu pagamentos em dinheiro e até em ouro em troca de conseguir a liberação de recursos para construção de escolas e creches.(Por Natália Santos e Gustavo Queiroz/Estadão Conteúdo)

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