O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, propôs nesta segunda-feira (6) o uso de recursos das reservas internacionais brasileiras para a composição de um fundo para participar de privatizações de estatais.
Segundo ele, este fundo poderia atuar em uma primeira etapa de privatizações, comprando fatias nas empresas e ajudando a preparar suas gestões para a venda posterior a um sócio privado.
“Em muitos países, o processo de privatização antecipada já ocorre e melhora o valor do ativo para quem vende”, disse ele, ressaltando que a ideia não foi discutida com o governo.
Paulo Rabello já se posicionou outras vezes de forma crítica ao volume de recursos hoje disponível nas reservas internacionais.
Em discurso feito nesta segunda (6) em fórum promovido pela revista Exame, ele lembrou que as reservas internacionais brasileiras somam hoje cerca de US$ 400 bilhões e “talvez estejam pesando demais”.
Ele defendeu que uma parcela desses recursos sejam usadas para antecipar ao governo receitas de privatizações.
“Antecipar uma pequena parcela de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões não afeta a segurança financeira do país”, argumentou.
Paulo Rabello disse que os desembolsos do BNDES devem fechar o ano em R$ 77 bilhões, o que representaria uma queda de 12,5% com relação ao verificado em 2016.
Ele afirmou acreditar, porém, que a busca por financiamento se intensifique nos próximos meses.
“Minha ambição é que, em 2018, a economia cresça mais do que os 3% a 3,5% e, com ajuda do BNDES, acho que é possível chegar a 4%.”
Questionado sobre possível restrição à liberação de recursos com a devolução de R$ 130 bilhões ao Tesouro em 2018, o executivo respondeu que “o BNDES é especializado em milagres.”
“Vamos conseguir ajudar o governo e fazer com que o BNDES Giro gire”, concluiu ele, que já chegou a questionar o pedido de devolução antecipada pelo governo Temer, alegando que poderia reduzir a capacidade operacional do banco.
Virtual pré-candidato à presidência da República, Paulo Rabello defendeu as propostas de reformas de Temer, mas disse que é preciso pensar após 2018.
“O Brasil precisa se organizar em torno de ideias, planos e obras que possam ser entregues até 7 de setembro de 2022 [em alusão ao bicentenário da Independência]”, comentou.
Em seu discurso, criticou o gasto da União com o pagamento de juros e a elevada carga tributária sem retorno em serviços públicos de qualidade.
Disse que não quer mais “terceirizar”, em mais um sinal de que pretende se candidatar, mas depois afirmou que ainda é cedo para falar em candidatura.
“A hipótese de candidatura é poder dos partidos e não dos candidatos. Há uma veleidade de qualquer um que se pretende candidato hoje.” (Folhapress)