O presidente da Portuguesa, Alexandre Barros, convocou uma reunião extraordinária para discutir com o Conselho Deliberativo quatro tópicos de emergência relacionados ao clube. Entre eles, está até a possibilidade do fim das atividades no futebol. À reportagem, o mandatário rubro-verde expôs a crise que vive a Lusa e fez uma dura cobrança aos conselheiros.
Além do futebol, o mandatário do clube pretende discutir na reunião, ainda sem data para acontecer, outros três tópicos: um acordo feito em julho com cinco ex-jogadores representados pela advogada Gislaine Nunes para quitar débitos trabalhistas; as dívidas que levaram o clube a leilão; e os débitos de associados.
O acordo evitou que o Canindé fosse novamente a leilão. O valor total das dívidas a serem pagas pela Lusa chega a quase R$ 50 milhões. De acordo com Barros, a dívida total foi contraída na gestão dos ex-presidentes Joaquim Justo dos Santos e o Carlos Alberto Duque.
Totalmente insatisfeito com a postura dos sócios e, especialmente, dos conselheiros da Lusa, Alexandre Barros cobrou de forma ríspida uma maior ajuda de todos que fazem parte do clube. “Precisamos discutir pedido de anistia e recadastramento dos associados. Nós temos um quadro com 120 mil associados e 400 pagantes. Dos conselheiros, apenas 140 estão em dia. E vamos discutir sobre o departamento de futebol, porque ninguém faz futebol sem dinheiro, tem que ter responsabilidade. Precisamos decidir o que vamos fazer com o clube”.
“Se o próprio conselheiro não paga a taxa de manutenção, se o associado não faz a parte dele, se ex-presidentes levam o clube a leilão, então vamos fechar tudo. Se essa é a vontade deles, não é a minha. Mas é uma maneira de levar ao Conselho e decidir”, afirmou. O mandatário ainda disse que as despesas do clube constituem o dobro da receita.
“As pessoas precisam decidir. O que adiantar ser conselheiro, ser sócio, eu querer um time, salvar o patrimônio, e não fazer a sua parte. Então eu tenho que convocar uma reunião para ver. O que vocês querem? Querem salvar o patrimônio? Então vamos ajudar. Querem fazer futebol? Vamos ajudar. Os caras não pagam manutenção, não pagam taxa de conselho, não mexem uma palha, e querem ainda cobrar, querem exigir, quando a dívida foi feita na gestão deles?”, desabafou.
Uma das sugestões citadas pelo presidente para começar a amenizar a crise financeira que vive a Portuguesa é baseada em algo feito pelo Atlético-PR há alguns anos atrás. Para tal, o clube precisaria contar com a ajuda de todos os conselheiros do clube -hoje são 383 no total.
“O Atlético-PR se cotizou, há uns anos atrás, quando estava na segunda divisão, e cada conselheiro pagava R$ 1.000 por mês. Se nossos conselheiros pagarem, cada um, R$ 1.000 reais por mês, chegamos a um valor em torno de R$ 383 mil mensais. Isso significa pagar o caso Gislaine e os outros acordos trabalhistas. Desde que todo mundo se mexa”, afirmou.
O presidente do clube ainda falou que a medida seria emergencial. “Não é para a vida inteira. É para um projeto de 24 meses, 36 meses, para que a Portuguesa possa se reerguer. A hora que a Portuguesa estiver na primeira divisão do Paulista, na Série B do Brasileiro, as contas se pagam. Aí o próprio futebol da Portuguesa, bem administrado, paga as dívidas. Hoje o futebol dá despesa para o clube”, analisou.
De acordo com Alexandre Barros, ainda é possível manter o futebol da Lusa, desde que as questões relacionadas às dívidas e ao patrimônio do clube sejam resolvidas. “Hoje, com a receita que a Portuguesa tem, ela consegue manter um futebol simples e a organização do clube. Mas ela não tem dinheiro para pagar as ações trabalhistas e os acordos e dívidas que tem. Tem que achar o dinheiro em algum lugar”, declarou Alexandre Barros.
O presidente ainda acrescentou que não quer entrar para a história do clube de forma negativa e revelou que espera o apoio dos conselheiros para decidir sobre o futuro do clube. “Eu sozinho não posso tomar decisão. Eu fui eleito por 82% do Conselho, então esses 82% têm que estar presentes para ajudar a tomar a decisão mais correta. Tudo vai depender dessa reunião. Se não houver uma motivação para resolver, vamos ter que tomar uma decisão: ou a gente toca o futebol ou a gente salva o patrimônio. A Portuguesa não consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Precisa escolher uma. Eu, particularmente, escolheria o futebol, mas não depende de mim”.