Um dos executivos mais bem pagos dos EUA, presidente de uma das “sete irmãs” da indústria petroleira e com um lugar reservado para Vladimir Putin no coração.
Rex Tillerson, 64, CEO da ExxonMobil é, segundo a mídia americana, o favorito do presidente eleito Donald Trump para assumir o Departamento de Estado (equivalente ao Ministério do Exterior), um dos cargos mais poderosos do governo americano, inaugurado em 1793, com Thomas Jefferson, e já ocupado por nomes como Hillary Clinton e Colin Powell.
Se escolhido, Tillerson se adaptará bem ao time até aqui montado por Trump, com vários multimilionários vindos do setor privado.
Há 41 anos na empresa, que preside desde 2006, o texano seria o primeiro chanceler da história moderna americana sem experiência prévia no setor público (outro título seu: presidente dos Escoteiros da América, de 2010 a 2012, quando apoiou a inclusão de jovens gays no grupo).
Com salário anual de 24,3 milhões, ele foi o 29º CEO mais bem pago dos EUA em 2016, segundo a consultoria Equilar. No ano passado, figurou em outro ranking: a “Forbes” o elegeu como 25ª pessoa mais poderosa de 2015.
Sob seu comando, a ExxonMobil foi à porção russa do oceano Ártico atrás de petróleo, em parceria com a Rosneft.
A companhia controlada pelo Kremlin virou alvo de sanções americanas em 2014, numa represália ao papel de Moscou na crise da Ucrânia. Na época, Tillerson se opôs às restrições, que custaram à Exxon US$ 1 bilhão, segundo o site Oil Price.
Selada em 2011, a dobradinha com a Rosneft empolgou o presidente russo, que projetava ganhos de US$ 500 bilhões. Cinco anos depois, Moscou revive o clima de Guerra Fria com Washington -a CIA concluiu que autoridades do país estão por trás do vazamento de e-mails comprometedores do Partido Democrata para o WikiLeaks, com a intenção de intervir na eleição americana a favor de Trump.
Mas Tillerson, assim como o presidente eleito, tem coisas boas a dizer do presidente Putin, de quem recebeu uma condecoração (“Ordem da Amizade”) em 2013.
Para ambientalistas, a predileção de Trump pelo presidente da petroleira mais valiosa do mundo preocupa, sobretudo após a indicação de um cético da mudança climática para a agência ambiental, Scott Pruitt.
Tillerson já se disse favorável a um imposto para emissões de carbono. Em compensação, em maio, afirmou a investidores que, “gostem ou não”, mundo não se livraria tão cedo de combustíveis fósseis.
Num ponto ele e Trump discordam: acordos comerciais com outros países. Se o presidente eleito os vê como ralo para empregos americanos, o executivo quer mais deles. “A história nos mostra que inovação e progresso econômico dependem do fluxo livre de bens, serviços, capital e expertise”, afirmou em discurso de 2009.
AZARÃO
Se confirmado como chanceler, Tillerson vai se sobrepor a candidatos de alta voltagem política.
Um deles, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, foi um dos aliados mais fiéis a Trump na campanha. Retirou-se da disputa quando ficou claro que não seria recompensado com o pote de ouro do próximo gabinete.
O ex-presidenciável Mitt Romney era o oposto: por meses liderou o movimento #NuncaTrump, por achar inaceitável que seu partido, o Republicano, tivesse uma “fraude” como candidato à Casa Branca.
Trump ganhou, e Romney amaciou. Jantaram juntos na semana retrasada, em restaurante com três estrelas no guia Michelin, dentro de um dos hotéis de luxo do presidente eleito. A mídia foi incentivada a fotografar o banquete.
O movimento intrigou: havia dúvidas se Trump acenava à unificação da legenda, acolhendo vozes críticas, ou cozinhava o ex-nêmesis em banho-maria, para enfim se vingar lhe negando o posto e selando sua humilhação pública.
Assessores do presidente eleito dizem que o secretário de Estado talvez seja anunciado nesta semana, num processo que vem comparado ao reality que comandou, agora numa edição especial: “O Aprendiz – Casa Branca”.
(FOLHA PRESS)
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