Foi deflagrada na manhã desta segunda-feira (30), em Goiânia e no Distrito Federal, por meio da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Dercap), a Operação Porta Fechada. Os alvos da operação são membros de uma quadrilha especializada em fraudar concursos públicos. Apesar de não ter provas, há suspeitas de que o grupo também tenha fraudado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 e que planejavam fazer o mesmo neste ano.
Segundo informações do delegado responsável pelas investigações, Rômulo Figueiredo Matos, o funcionário de uma empresa de seleção foi preso. Era ele que recebia os cartões em branco dos candidatos, preenchia e entregava para correção.
De acordo com o delegado, foi essa a quadrilha que fraudou o Enem 2016, e planejava o mesmo golpe para este ano. No mesmo ano os criminosos movimentaram cerca de 35 milhões de euros.
A Operação cumpre 36 mandados judiciais, sendo 17 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva. Oito pessoas também receberam mandados de prisão, sendo dois em Goiânia, um em Nova Glória (GO) e três em Brasília, um dos mandados é referente a um homem que já havia sido preso em Brasília e o último segue foragido.
A fraude
As formas de fraudes eram diversas, desde a cola por ponto eletrônico, uso de celular escondido no banheiro, ou mesmo até na troca de gabaritos. No caso da troca, a organização supostamente contava com a ajuda de Ricardo da Silva do Nascimento, ex-funcionário do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe).
Dentro da quadrilha existiam os aliciadores, que ficavam na porta de cursinhos fazendo amizade com os candidatos, onde os encaminhava para os chefes do grupo.
Concursos fraudados
O concurso para delegado substituto da Polícia Civil de Goiás, suspenso em maio deste ano foi um dos alvos da quadrilha. De acordo com o G1 Goiás, as irregularidades das provas começaram a ser apuradas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) desde março.
Ainda em março, cinco pessoas foram presas suspeitas de estarem envolvidas nas fraudes. A média cobrada era em torno de 20 vezes o salário do cargo, o que gerava um lucro em torno de R$ 120 mil a R$ 365 mil por vaga.
Nota oficial da Policia Civil de Goiás
NOTA OFICIAL PC-GO
A Polícia Civil de Goiás informa que, por ocasião dos trabalhos realizados na Operação Porta Fechada, não existem indícios concretos de que a organização criminosa investigada tentaria fraudar o Enem 2017, de forma que não se pode colocar em suspeição a lisura do processo seletivo deste ano.
Com relação ao ENEM 2016, informamos que as provas e indícios de fraude encontrados fortuitamente serão encaminhados à PF e ao MPF para as providências cabíveis, por se tratar de caso de competência da esfera federal.