O prefeito João Doria (PSDB) disse nesta terça-feira (12) que se sentiria constrangido em disputar prévias no partido com seu padrinho político, Geraldo Alckmin, mas defendeu que a vontade dos filiados seja considerada na definição do candidato a presidente.
“Eu tenho pessoalmente muito constrangimento nisso”, disse ele a jornalistas na saída de um evento em São Paulo.
“Gosto muito do governador Geraldo Alckmin, é meu amigo e por quem eu mantenho uma profunda admiração. Preferiria não [disputar], mas o tempo vai dizer. Temos até dezembro ou início de março para formatar isso.”
O prefeito repetiu ideia defendida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que nesta semana afirmou que tanto prévias quanto pesquisas de opinião devem ser levadas em conta pela sigla.
Doria adota a estratégia de tentar se fortalecer via pesquisas de opinião para convencer a legenda sobre sua candidatura.
“Eu não sou contra prévias, até porque sou fruto delas. Podemos ter uma combinação entre prévias nacionais, com os mais de 200 mil filiados em todo o país, mas não abdicar da pesquisa, que é um instrumento legítimo, bom, positivo”, disse Doria.
Ele endossou o discurso de FHC de que o partido deve buscar união e falou que “o PSDB está e continuará unido”.
No evento em que deu palestra, o 15º Fórum Latino-Americano Brasileiro de Liderança Estratégica em Infraestrutura, o prefeito da capital lançou mão mais uma vez do tom crítico ao PT e ao ex-presidente Lula.
“Eu me tornei um empresário de sucesso trabalhando, não foi roubando, não foi estilo PT, construindo tríplex, sítio, pedalinho, depósito em conta na Suíça”, disse à plateia no hotel Renaissance, na região da avenida Paulista.
Depois, aos jornalistas, Doria afirmou que não está em campanha. “Lula tem o direito de fazer campanha. Enquanto estiver solto, evidentemente”, disse, sobre a caravana do petista pelo Nordeste.
A fala de Doria no evento foi para apresentar seu programa de privatizações na capital, caminho que ele vê como meio para melhorar a gestão pública.
Na palestra, alfinetando os governos petistas, disse que “R$ 159 bilhões foram roubados da Petrobras. Como a gente pode querer um Estado estatizante? Só se for para roubar”.
O prefeito criticou o que chama de “Estado gordo” e defendeu a “privatização gradual” da Petrobras e também a fusão do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
“Não vejo razão de o Brasil ter dois bancos. Podemos avaliar a hipótese de uma fusão, sem gerar desemprego, mas formando um banco de altíssima qualidade. Apenas evitando a sobreposição e o uso político também”, disse. (Folhapress)