Com a deliberação do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Goiás (Sintego) em paralisar as aulas na rede municipal de ensino, a Prefeitura de Goiânia sinaliza que pode ir à Justiça para evitar que a medida aconteça. Apesar de insistir no diálogo e nas conversas, o secretário de Educação, Wellington Bessa (DC) crava que é impossível dar o reajuste linear de 33,2% para todos os professores, como exigido pelo Sindicato. “Estamos analisando juridicamente de modo a proteger a sociedade e os alunos porque sabemos que o prejuízo será sentido pelos estudantes e famílias”, disse nesta terça-feira (15/03) ao Diário de Goiás.
Bessa considera que o indicativo de greve dado após duas assembleias foi uma decisão precipitada. “Historicamente isso nunca aconteceu. Após duas assembleias, estamos em franca negociação. Uma greve é deflagrada quando não existe mais possibilidades de negociação”. Para o secretário, esse acirramento foi ocasionado por conta de uma ‘disputa política’ entre dois sindicatos: o Sintego e o Simsed.
“A categoria, nós acreditamos que influenciada pela briga e disputa entre dois sindicatos onde cada um quer representar mais ou melhor os trabalhadores, a nossa sociedade só perde com nossos alunos. Hoje, Goiânia garantiu o piso nacional”, crava ao que chama de ‘falácia’ quando dizem o contrário. “Hoje não existe nenhum professor da rede municipal que receberá proporcionalmente menos de R$ 3.846,83 pelo valor de quarenta horas. Todos os professores da rede municipal irão receber mais que o piso, e o próprio nome já fala: é o valor mínimo e menor que o profissional pode receber”, explica.
Reajuste linear de 33,24% “é absurdo”
Ao mesmo tempo que se coloca pronto e aberto ao diálogo, Bessa crava a impossibilidade de conceder o reajuste linear de 33,24% para toda a categoria. Para ele, é um “absurdo” a concessão haja vista os impactos que isso provocaria a folha de pagamento da capital. “Agora, querer transferir para o município de Goiânia um reajuste linear de 33,12% é um absurdo, uma vez que o Governo Federal que o reajuste é sobre o valor mínimo a ser dado aos profissionais”, pontua.
Bessa explica que esse tipo de situação oneraria consideravelmente o planejamento da Prefeitura até mesmo para futuros investimentos. “Hoje, nenhuma capital ou Estado tem condições de dar um reajuste linear de 33,2%. Isso compromete qualquer folha de pagamento. Para se ter uma ideia, hoje, nós estamos com uma folha de quase 1.1bi e temos um orçamento de 1.5. Numa conta rápida, se você aplicar 33% vamos ter cerca de 1.4bi de folha. Não conseguimos conter e nem investir no custeio para acertar o percentual de 33%”, complementa.
O secretário diz entender a situação que os professores e os trabalhadores da rede da educação vivem, mas que há certa insensibilidade na deflagração da greve: para ele, há margem para negociação. A greve, crava, é “ilegal e ilegítima”.
“Entendemos toda a reivindicação mas a deflagração de uma greve, entendemos como uma falta de sensibilidade e um prejuízo muito grande para os nossos estudantes e para as famílias que serão prejudicadas por conta de uma disputa política dos sindicatos, mesmo garantindo aos profissionais o piso da categoria. Entendemos que a greve é ilegal e ilegítima uma vez que o que eles querem, os 33% é impraticável”, destaca.
Paralisação deflagrada
A paralisação tem início a partir da presente data, sem previsão de retorno. Na última quinta-feira (10), entretanto, os professores já haviam aprovado o ato, em assembleia também realizada pelo Sintego, caso não houvesse nova negociação com a Prefeitura de Goiânia a respeito das reivindicações. A decisão foi deflagrada com o voto da maioria dos profissionais presentes no encontro desta terça-feira.
A categoria cobra o pagamento integral do reajuste do piso nacional do magistério, de 33,24%. O Paço Municipal, porém, sinaliza com uma proposta de 7,5% para reajuste no piso e 9,3% para os administrativos, que referem-se ao período de 2020-2022. Depois de uma reunião na quarta-feira (9), a proposta aumentou para 9,3% no reajuste do piso, mantendo-se o valor também para os administrativos. A categoria, porém, rejeitou.
De acordo com o Sintego, será realizada, ainda na tarde desta terça, uma plenária como agenda da greve para os administrativos, na CUT Goiás. Para quarta-feira (16), está prevista uma mobilização como parte do calendário nacional de lutas pela aplicação do piso, com servidores das redes estadual e municipal, às 14h, em frente ao Paço Municipal, com caminhada até a nova sede Assembleia Legislativa de Goiás. “Está nas mãos do prefeito, nós precisamos que a Lei seja cumprida” disse a presidente do Sindicato, Bia de Lima.