O prefeito de Cavalcante, Josemar Freire (PSD), afirmou nesta quinta-feira (25) que a operação da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) para combater o desmatamento no município é um cangaço. O gestor alegou que as forças policiais agem com truculência e aplicam sanções injustas.
Segundo relatou em entrevista à Rádio Bandeirantes Goiânia, trabalhadores de sua fazenda, autuada em R$ 183 mil por crime ambiental, ficaram sob a mira de metralhadoras de policiais por mais de uma hora. Ele também condenou outras ações.
“Acho uma truculência das maiores do mundo. Pedi para trazer o pessoal que trabalha comigo na fazenda para a cidade. Eles ficaram na mira de metralhadora por mais de uma hora. Vou ter que levá-los para o psicólogo. Pegaram cidadão com camionete velha, carregada de lenha, porque não tem condição de comprar o gás. Pegaram garimpeiros que trabalham para subsistência e apreenderam tudo deles. O que está acontecendo em Cavalcante, por parte do governo, é um verdadeiro cangaço”, afirmou.
Freire disse estar assustado e contou que se sente afrontado com as ações policiais no município. De acordo com ele, nunca houve uma mobilização tão grande de forças de segurança em Cavalcante. “Estou com uma barreira sanitária na entrada da cidade e dificilmente consigo um policial para me dar apoio. Tenho quatro agentes da PM aqui para me dar apoio e para Teresina (de Goiás). Agora, tem uma equipe da PM na minha propriedade, que não saiu de lá desde que fui autuado”, contou.
Freire criticou a negligência dos governos que estiveram à frente do estado por não reconhecerem a propriedade de terras a moradores de Cavalcante. “Essas terras, as pessoas têm posse há 100, 200 anos. Se as pessoas não receberam o título, é negligência do governo. Já levamos essa demanda a vários governos, para titular essas pessoas”, criticou.
Prefeito multado
A Semad multou Josemar Freire por dano ao cerrado virgem em uma propriedade do prefeito na zona rual. Segundo a pasta, o gestor municipal utilizou-se de licença concedida pela própria prefeitura para a supressão vegetal. A secretaria alegou que a legitimidade para essa emissão é unicamente dela. As áreas desmatadas pelo prefeito, conforme a pasta, totalizam 270 hectares, sendo 35 em áreas públicas.
A secretária Andéa Vulcanis afirma que Freire sabia da irregularidade. “O prefeito, agente público, utilizou-se da estrutura de governo, para o qual foi eleito para ajudar o povo, em benefício próprio, deixando os demais produtores do município sem qualquer assistência, porque, para estes, ele não emitiu licenças, sabedor que não tem atribuição para isso”, disse.
Em resposta, o prefeito alegou que está longe dos territórios de proteção da Chada dos Veadeiros e do território kalunga. “A secretária relatou que desmatei terras do governo. É inverdade. A terra que desmatei é minha, particular, um cerrado fino, não uma mata grossa”, afirmou. Ele disse ainda que a licença emitida pela prefeitura é legal. “A lei é bem clara. Minha terra tem 100 alqueires de extensão e mais de 50% da minha terra já é reserva permanente. Há legalidade sim. Se o governo acha que não temos poder na terra, nos indenize”, frisou.
Por fim, o prefeito destacou que vai recorrer da multa e das apreensões feitas pelas equipes de fiscalização em sua propriedade. “A secretária está me tratando como bandido, mas não sou bandido e vou provar para ela que não sou isso que ela está pregando”, disse.