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| Em 10 anos atrás

PRB ameaça romper com governo

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Brasília – A primeira crise no ministério ainda não empossado da presidente Dilma Rousseff pode retirar 21 votos da base do futuro governo. O presidente do PRB, Marcos Pereira, afirmou ao Estado que passará para a oposição caso a petista ceda a pressões do PT e do PC do B e de setores ligados ao esporte contra a nomeação do deputado George Hilton (MG) para a pasta. “Se a presidente Dilma recuar, eu saio da base de apoio ao governo e levo o partido para a oposição”, ameaçou.

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 A saída do PRB não tiraria da base governista a maioria dos 513 deputados da Câmara, mas no próximo mandato Dilma não terá o mesmo volume de aliados que o mandato que se encerra. Em 2010, foram eleitos 402 deputados de partidos aliados da petista – desta vez, são 320 parlamentares. Se a base fosse reduzida a cerca de 300 deputados, o governo teria número insuficiente para aprovar emendas constitucionais, cujo mínimo é de 308 votos e teria ainda mais dependência de deputados não tão comprometidos com o Palácio do Planalto.

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 A crise no novo ministério teve início na terça-feira, logo após Hilton ser anunciado. O PC do B, que defendia a manutenção do deputado Aldo Rebelo (SP), avisou a Dilma que não havia gostado da troca, mesmo sendo contemplado com Ciência e Tecnologia. O partido ajudou a espalhar que Hilton seria “homofóbico”. O deputado foi procurado pelo Estado, mas estava em viagem ontem e não retornou as ligações.

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 Setores mais à esquerda do PT, descontentes com a nomeação, fizeram chegar à presidente a informação de que o futuro ministro enfrentava problemas legais, como o flagrante ocorrido em 2005, no Aeroporto da Pampulha, quando Hilton levava R$ 600 mil em 11 malas. Ele foi expulso do PFL, seu partido à época, apesar da justificativa de que o dinheiro provinha da doação de fiéis da Igreja Universal, da qual é pastor.

 Marcos Pereira disse que não aceita um recuo da presidente nem a troca da pasta. O PRB, formado por integrantes da Universal, tem atuado na base dos governos do PT desde os tempos de Lula e adotou como tática política controlar as pastas de Esporte não só no governo federal, mas nos estaduais – o paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e Rodrigo Rollemberg (PSB), no Distrito Federal, seguiram o exemplo de Dilma.

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 “Fui eu que levei o nome do George Hilton à presidente. Fui eu que pedi o Ministério do Esporte”, afirmou Pereira. “A indicação de George Hilton não foi do senador Marcelo Crivella, como disseram. Foi minha. Também fui eu que batalhei pelo Esporte e levei a solicitação para a presidente. Ela aceitou.”

 Indagado se Dilma pode recuar, visto que o futuro ministro ainda não tomou posse, o presidente do PRB respondeu em tom de ameaça. “Pode. É um direito dela. Mas se ela recuar, o PRB sai da base e vai para a oposição. Qualquer mudança vai levar a esse tipo de atitude da minha parte e do meu partido.”

 A nomeação de Hilton causou surpresa nos meios esportivos, porque significa uma descontinuidade da administração de Aldo Rebelo. A pedido da presidente, Rebelo deixou de concorrer à reeleição para ficar à frente da pasta na Copa. O PC do B tinha esperanças de que Rebelo permaneceria à frente do Esporte também na Olimpíada do Rio, em 2016.

 A pasta tem importância estratégica por fazer parte da Autoridade Pública Olímpica, consórcio que reúne o Estado e a Prefeitura do Rio e gerencia as obras da competição. Além disso, Rebelo é um dos interlocutores do Comitê Olímpico Internacional (COI) no País. Pedidos pela “desnomeação” de Hilton chegaram ao Palácio do Planalto. Por ora, a presidente está fora de Brasília e, pelo menos fisicamente, distante dessa pressão.

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