Os moradores que vivem nos arredores do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros já haviam reclamado e foram chamados de ‘maconheiros’. O motivo era que o retardante utilizado no combate aos incêndios que, segundo eles, teria efeito tóxico ao meio-ambiente. Nesta quarta-feira (14/10) a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Goiás notificou, por meio de ofício, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para que prestasse informações sobre o retardante de fogo.

Segundo informações, o produto não foi empregado apenas no Parque Nacional, mas também na Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, no município de Alto Paraíso, sob gestão estadual e não houve quaisquer informações que sua aplicação seria realizada. Ademais, o fogo já estava praticamente extinto.

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Endereçado ao chefe do parque nacional, Luís Henrique Mota de Freitas Neves, o documento apresenta, entre outras informações, dados técnicos da Unidade de Conservação (UC) goiana e informações que circularam na internet, dando conta de que o produto produz efeitos de impacto ambiental. 

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No texto, a Semad, na qualidade de órgão responsável pela gestão da Área de Proteção Ambiental de Pouso Alto, solicita informações se o produto foi lançado somente em áreas do PNCV ou também no interior da APA de Pouso Alto. Caso a resposta seja positiva, em que localização, qual a sua composição e possíveis impactos sobre a água, o solo, a fauna e flora da região.

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Riscos nos próximos 40 dias

Segundo informações, existe um parecer publicado em 2018 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que alerta para o consumo de água e alimentos retirados do solo por um período de 40 dias após a aplicação do produto. Ainda que tenha sido classificado, à época, como pouco tóxico e pouco persistente, técnicos do Ibama solicitaram a suspensão da compra.

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Em nota divulgada pela secretaria no último sábado, a Semad esclarece que, acerca das informações amplamente divulgadas na Internet sobre a aplicação do retardante, não há registro de regulamentação do produto químico no Estado. E completa: caso seja comprovada a sua utilização em área pertencente à APA de Pouso Alto, que o seu emprego não foi consultado junto às autoridades goianas.

Moradores questionam que fogo já estava baixo

No local, antes das equipes do Ministério do Meio-Ambiente daremos devidos suportes, equipes de voluntários e movimentos da sociedade civil, já apoiavam há semanas as equipes do Corpo de Bombeiros no combate ao fogo. Para eles, a equipe do ministro, chegou quando os incêndios já estavam em sua fase final.

“Além dos brigadistas contratados pelo Ibama e pelo ICMBio, teve uma grande participação da comunidade civil em vários níveis. Foram semanas de fogo que nós enfrentamos aqui. Então, para ele chegar agora, né, nessa última hora, e ainda mandar a gente, falar para colocar retardante de fogo que é altamente tóxico, isso é uma grande afronta para todos nós que combatemos o fogo”, disse um morador da cidade à equipe do Fantástico, da Rede Globo em edição exibida no último domingo (11/10). Ele não quis se identificar.

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