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Categorias: Brasil
| Em 5 anos atrás

Por “saúde mental”, presidente da CCJ diz que não irá convidar Moro para novas audiências

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O presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, deputado federal Felipe Francischini (PSL-PR), anunciou na reunião desta quarta-feira (03/07) que não vai pautar novos convites para ouvir o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. “Pela minha sanidade mental”, explicou.

Moro esteve durante toda a terça-feira (02/07) em audiência conjunta da CCJ; da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e durante mais de sete horas prestou esclarecimentos sobre denúncias publicadas pelo site The Intercept Brasil.

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A reunião foi encerrada após desentendimentos entre parlamentares, a partir da fala do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que fez uma analogia de Moro à um árbitro de futebol parcial e que “ajuda” um time a ganhar. Para o pessolista, Moro seria reconhecido pela história “como um juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão”.

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“Eu não vou pautar, no que depender de mim, convite mais. Eu não quero, pela minha sanidade mental, fazer outra reunião com Sérgio Moro sobre o mesmo assunto, porque já não vai levar a nada”, disse Francischini. “As mesmas perguntas sendo repetidas, um monte de agressão ao ministro, os deputados se agredindo dos dois lados. Então, para minha sanidade mental, não vou pautar mais isso. E convocação acho que não cabe”, completou.

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Para o presidente da CCJ, Sérgio Moro não pode ser convocado por atos pretéritos, de quando ele era juiz. Mas para a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) não cabe ao presidente da CCJ decidir sobre a convocação ou não do Ministro da Justiça.

“Não sabemos se vamos ter necessidade de novas convocações inclusive do próprio ministro Moro. A gente não tem que partir do pressuposto de que agora não vamos mais convocar, até porque, com todo o respeito, isso não cabe à Vossa Excelência, isso cabe ao conjunto de deputados, incluindo Vossa Excelência”, afirmou Talíria.

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Novos convites
O deputado Sóstenes Carvalho (DEM-RJ) defendeu que Sergio Moro possa ser convidado outras vezes para prestar esclarecimentos na CCJ, pois acredita que isso fortalece o ministro. “Pode deixar ele vir, convidem todas as vezes. A oposição está fazendo um serviço ao Brasil e em breve veremos Sérgio Moro presidente desse jeito.”

O deputado José Guimarães (PT-CE) acredita que um novo convite a Moro tem que ser decidido em reunião e disse que houve abusos dos dois lados. “Eu ouvi aqui ontem cada palavrão contra a presidente Dilma, contra o PT, e agora Vossas Excelências vem aqui se fazer de vítimas?”.

“Premiação” e bate boca
Na audiência que terminou em confusão, muito bate-boca, palavrões e pedido de respeito, Moro voltou a falar sucessivas vezes que não se recorda de ter trocado conversas com procuradores da Lava-Jato. Repetiu que é vitima de um ataque hacker e que mesmo se as conversas forem verdadeiras, o conteúdo revelado não revela nada demais. “São conversas triviais”, disse. Moro também falou que a OAB – que sugeriu seu afastamento enquanto o caso estivesse sendo investigado – “embarcou num sensacionalismo” e que hoje talvez o posicionamento da instituição seja outro. Também teve direito a “premiação”. Deputado federal do Paraná, Boca Aberta do PROS, rendeu palavras de adoração à Moro. Em sua fala apaixonada, levou um troféu pelo qual batizou de “Troféu Champions League”, que significa o Troféu da Liga dos Campeões do Combate à Corrupção. Disse que o troféu original da Liga dos Campeões é “cobiçado por jogadores como Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo”. Após alguns aplausos e vaias, entregou a “premiação” em mãos para Moro, visivelmente constrangido. Em sua fala, Moro agradeceu as “palavras carinhosas” do deputado.

(Com informações da Agência Câmara)

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.