O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou nesta segunda-feira (22/09) cinco policiais militares suspeitos de agredirem e torturarem o advogado Orcélio Ferreira Silvério Júnior, em Goiânia. O MP pediu a condenação pelo crime de tortura. Um dos policiais está preso preventivamente.
A decisão da juíza Bianca Melo Cintra foi publicada na segunda-feira (20/09). A magistrada entendeu que haviam fortes elementos que indicam tortura por parte do tenente. Há elementos de que o soldado ainda intimidava testemunhas do caso. “Durante as investigações restou demonstrado que algumas testemunhas estão extremamente atemorizadas com a situação que presenciaram, chegando a pleitear para não serem arroladas para ratificar suas declarações em Juízo, conforme salientado e demonstrado pelo Parquet às fls. 15/16, da exordial acusatória. Além de constar nas investigações informações de que pessoas andaram rondando a região em que ocorreram os fatos e a casa de parentes da vítima”, destacou o documento que o Diário de Goiás teve acesso.
Cintra ainda destacou na decisão que o tenente havia assumido que “a prática daquele tipo de conduta é sua forma reagir às provocações feitas contra sua pessoa, o que, em tese, convalida os fatos apurados durante as investigações de que a abordagem policial inicial se deu em razão de questões pessoais enfrentadas pelo acusado anteriormente, e não pelo fato de “flanelinhas” estarem fazendo cobrança irregular na região.” A reportagem tentou contato com a assessoria do acusado e não conseguiu retorno. O espaço está aberto para atualização.
Outros agentes foram denunciados
Um cabo e outros três soldados estão afastados cautelarmente das atividades ostensivas e atuam na parte administrativa. Eles também tiveram o porte de armas suspenso e o armamento recolhido.
Na denúncia, o MP cita que o tenente agrediu um flanelinha com um tapa no rosto antes da agressão ao advogado. Depois, o PM perguntou a uma testemunha porque ela interveio para defender a vítima. Orcélio Ferreira Silverio, dono do centro comercial e pai do advogado, conversou com o tenente na tentativa de acalmá-lo, mas também levou tapas no rosto e ombros quando era revistado.
Testemunhas, então, ligaram para Orcélio Ferreira Júnior, filho e advogado do administrador agredido, informando sobre o ocorrido. Orcélio Júnior seguiu para o local e começou a gravar pelo celular a abordagem.
Neste momento, um dos soldados disse que era proibido gravar. Em seguida, o tenente foi até Orcélio Júnior, questionando quem era ele. A vítima disse que era advogado do vigilante de carros, e pediu que o policial se identificasse.Insatisfeito, o tenente agarrou Orcélio Júnior pela gravata, o empurrou sobre um carro e começou a agredi-lo com socos. O caso causou comoção e revolta em meio a classe. Um grupo de advogados movimentou um abaixo assinado com mais de 3 mil assinaturas pedindo o afastamento dos envolvidos na agressão. Um dos líderes do movimento, o advogado eleitoralista Júlio Meirelles comemorou a decisão da juíza. “Fico satisfeito em saber que as milhares de assinaturas que colhemos não foram em vão. Espero que esse tenente seja condenado e excluído da corporação”.