Policiais foram flagrados, por escutas telefônicas, “assaltando” um ponto de venda de drogas durante a investigação que desencadeou na prisão de dezenas de policiais nesta quinta-feira (29) no Rio de Janeiro.
O crime aconteceu após os PMs renderem os traficantes vendendo drogas no Mutuá, em São Gonçalo, região metropolitana. De acordo com o inquérito que investiga a organização criminosa que atua dentro do 7º Batalhão, o único da cidade, os militares assumiram o comando do ponto e negociavam os produtos ilícitos por preços menores com os usuários.
O “assalto” ocorreu em abril de 2016 e, segundo o documento, o objetivo era fazer dinheiro rápido.
Até a noite desta quinta, 62 polícias e 22 traficantes tinham sido presos. A Justiça pediu a prisão de 96 militares, que trabalharam ou ainda atuam no Batalhão.
O esquema de pagamento de propina dos traficantes locais aos policiais movimentava cerca de R$ 1 milhão mensais. Só o tráfico localizado na comunidade chamada Salgueiro pagava R$ 196 mil por mês.
São Gonçalo é uma das cidades mais violentas do Estado -tem 30 homicídios para cada 100 mil habitantes, três vezes superior ao índice considerado como epidemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O 7 ° Batalhão tem um dos piores índices do Estado. De janeiro até abril deste ano, foram registrados 125 homicídios na área de atuação do Batalhão, além de 2.985 roubos de rua e 1.951 roubos de veículos.
As escutas também flagraram policiais sequestrando traficantes. Caso o resgate não fosse pago, os policiais levavam os “reféns” presos para a delegacia. O resgate não ultrapassava R$ 5.000.
O inquérito, que tem mais de 4.000 páginas, conta com mais de 800 páginas de diálogos entre policiais e traficantes. A investigação interceptou 200 mil ligações telefônicas até fevereiro deste ano.
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