A Polícia Militar prendeu um homem suspeito de dar cobertura ao criminoso que acabou morto pela cabo da PM Kátia da Silva Sastre, 42, durante uma tentativa de assalto a uma escola em Suzano (Grande SP), na manhã do último sábado (12).
O suspeito foi localizado após o setor de inteligência da Polícia Militar vasculhar as imagens das câmeras de monitoramento da rua onde está localizada a escola particular Ferreira Master.
As imagens mostram que antes de o ladrão Elivelton Neves Moreira, 21, sacar a arma contra um grupo de mães e crianças que estavam em frente à escola, um carro Fiesta prata passa pelo local.
No carro, segundo a PM, estaria um dos comparsas do criminoso morto. O suspeito não teve o nome revelado e foi apresentado à Polícia Civil em Suzano.
Após analisar a placa do veículo, os policiais constataram uma falsa comunicação de crime. Um boletim de ocorrência eletrônico informava que o veículo prata havia sido roubado próximo à estação de trem da cidade de Itaquaquecetuba, também no último sábado.
Mas o horário em que o suposto roubo do veículo foi informado é o mesmo em que ele é flagrado passando em frente da escola em Suzano. A PM também localizou a mulher do suspeito. Em depoimento, ela confessou que seu marido participou do crime.
Kátia Sastre estava acompanhada de sua filha de sete anos quando reagiu ao assalto em frente à escola da menina.
A ocorrência ocorreu por volta das 8h. Mães e crianças pequenas aguardavam a abertura dos portões da unidade, que sediaria uma festa de Dia das Mães, quando foram abordadas por um rapaz com um revólver calibre 38, que anunciou o roubo.
De folga, Kátia disparou três vezes contra o ladrão. Ele caiu no chão e então foi desarmado. Ele foi encaminhado à Santa Casa da cidade, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Após a atitude da policial, o governador Márcio França (PSB) organizou uma cerimônia para homenagear a militar. Reportagem da Folha publicada nesta segunda (14) mostrou que França contrariou estratégia da Polícia Militar com a realização do ato.
O enaltecimento à reação da policial com morte do bandido pode passar mensagem equivocada à tropa e à população de incentivo às pessoas reagirem a assaltos -na contramão da orientação da polícia. Outra é que a morte de ladrões seja vista pela corporação como algo incentivado pelo governo, após a escalada nos últimos anos do número de mortos pela polícia -alta de 10% em 2017, com 943 casos, recorde desde 2001. Tudo isso mesmo que a atitude da cabo tenha sido correta diante do risco no caso específico.
Também nesta segunda-feira, o governador criticou reportagem segundo a qual, ao fazer a cerimônia para enaltecer a mãe PM que matou um ladrão, ele adotou uma estratégia em ano eleitoral oposta à definida pela cúpula da própria polícia para reduzir os índices de letalidade da corporação. “A Folha está totalmente equivocada porque ela ouviu especialistas em segurança. A meu ver, os especialistas em segurança são os policiais militares”.
Em sua conta em uma rede social, França escreveu que “a Folha SP de hoje traz um texto crítico à policial que reagiu a um assalto covarde. Diz que minha ‘ação se opõe a estratégia da cúpula’. Qual cúpula?”
A reportagem da Folha, no entanto, aponta críticas de especialistas em segurança pública não à policial militar, mas ao ato do governador, pelo temor de que a homenagem possa passar mensagens equivocadas à tropa e à população. (Folhapress)
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