Duas horas depois de deixar o Congresso paraguaio, parcialmente incendiado depois da invasão de manifestantes que protestaram contra a aprovação de uma emenda para liberar a reeleição, a senadora pelo partido Democrático Progresista, Desiree Masi, contou à reportagem que a polícia tentou impedir a entrada de carros de bombeiros no prédio em chamas.
“Os policiais não atuaram para proteger os senadores que estávamos lá dentro, vigiando para que nossa Constituição não fosse descumprida. Ficaram ali, de braços caídos, e impedindo a entrada dos hidrantes”, disse, por telefone.
De oposição tanto ao governo do presidente Horacio Cartes quanto ao ex-mandatário Fernando Lugo, da Frente Guasú, ambos interessados em fazer com que a emenda fosse aprovada, Masi disse que a reunião do começo da tarde dos 25 senadores foi “completamente irregular e secreta”.
“Saíram dali com uma ata inventada e já assinada por eles mesmos, tanto sabiam que a reação seria grande, que deixaram o local em cinco minutos. Nenhum deles correu nenhum risco”, contou.
Masi relatou que ainda havia grande preocupação com relação aos funcionários que permaneciam lá dentro no começo da noite.
“Esperemos que os danos sejam só materiais e que não se percam vidas. Ainda assim, a noite em que o Congresso do país é atacado dessa forma é algo muito triste, pois se trata de um símbolo da democracia.”
Masi relatou que seu partido, que não participou da reunião, assim como os outros oposicionistas, se reuniriam no próprio sábado (1) para planejar os próximos passos. “A Constituição do Paraguai não permite a reeleição. Já houve outras tentativas para passar essa emenda no ano passado, todas irregulares. Vamos continuar nos opondo”, concluiu.
(FOLHA PRESS)
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