A polícia prendeu na tarde desta quarta-feira (28) Alípio Rogério Belo dos Santos, segundo suspeito de espancar até a morte o ambulante Luiz Carlos Ruas, 54, na estação Pedro 2º do Metrô de São Paulo, no último domingo (29).
Outro suspeito do crime, Ricardo do Nascimento Martins, 21, já tinha sido preso na segunda (26). Na chegada ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Martins afirmou que estava arrependido. Ele disse que nada justifica o que fez, mas que estava “muito encachaçado” (bêbado) na hora do ataque.
“Estou arrependido. Também não sou uma má pessoa arrependido. Também não sou uma má pessoa. E o senhor [Ruas] que estava lá trabalhando também não era, era um cidadão de bem”, disse a jornalistas.. E o senhor [Ruas] que estava lá trabalhando também não era, era um cidadão de bem”, disse Martins a jornalistas ao deixar o DHPP.
Martins e Santos são primos e foram flagrados por câmeras de segurança e por testemunhas. Eles teriam agredido duas travestis quando o camelô interferiu na briga e passou a ser atacado. Ruas fugiu, mas foi derrubado e espancado na área livre do mezanino, próximo à bilheteria da estação estação. Não havia seguranças no local.
Ruas morreu no hospital, horas depois. Ele trabalhava havia duas décadas como vendedor ambulante em frente à estação Pedro 2º.
Os dois suspeitos tiveram decretada prisão temporária de 30 dias por homicídio qualificado e agressão a outras duas travestis. O advogado da dupla, Marcolino Nunes Pinho, disse não se tratar de um caso de homofobia. Segundo ele, seus clientes alegam que partiram para briga porque Santos teve o celular roubado por um grupo de pessoas, entre elas uma travesti, onde as câmeras do Metrô não conseguem captar.
Cerca de cem pessoas, entre elas de defesa da causa LGBT, compareceram para um protesto, na tarde desta terça (27), na estação onde Ruas morreu. Convocada pelas redes sociais pelo jovem Bruno Diego Alves, 25, a manifestação pediu mais segurança aos usuários do sistema metroviário de São Paulo e o fim da homofobia.
“Espero que fique de exemplo, para que a morte do Luiz Carlos Ruas não se repita. Pagamos imposto caro, tarifa alta, e não temos segurança ao usar o metrô. Dinheiro tem, o que falta é vontade”, criticou.
O protesto, que começou ao lado da estação e logo migrou para as bilheterias, durou cerca de 50 minutos. Nenhum agente de segurança do Metrô estava presente na estação.
O corpo do vendedor foi enterrado na terça no Cemitério da Paz, em Diadema (Grande SP), com a presença de parentes e amigos.
Também nesta terça, o governo de São Paulo anunciou uma recompensa de R$ 50 mil para quem repassar informações que possam levar à prisão dos dois agressores.
“Não há a necessidade de realizar cadastro ou identificação pessoal, garantindo assim o sigilo absoluto”, diz nota do governo paulista.
Folhapress