A Polícia Federal investiga se houve vazamento sobre a deflagração da Operação Eficiência, que prendeu Eike Batista.
O empresário permaneceu por quatro dias foragido nos Estados Unidos após sair do país dois dias antes da operação. Durante a apuração, investigadores receberam denúncia anônima de que um ex-segurança da equipe do empresário como responsável por vazar a informação.
A informação foi repassada à chefia da Procuradoria Regional da República no Rio por meio do setor de atendimento ao cidadão. Ela foi encaminhada à PF que analisa o caso.
De acordo com o registro do MPF, a pessoa não identificada afirmou que o agente da polícia federal identificado apenas como Boaventura foi o autor do suposto vazamento ao empresário.
Ainda segundo a denúncia anônima, “Boaventura” trabalhou durante dez anos como segurança particular de Eike.
A reportagem apurou que o empresário de fato teve entre os guarda-costas da família uma pessoa com este nome, e que há um agente com esse nome nos quadros da PF no Rio.
Durante o depoimento dado na terça-feira (31), Eike foi questionado sobre o suposto vazamento -o que ele negou. O empresário foi preso sob suspeita de pagar uma propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), preso desde novembro.
Eike embarcou para os Estados Unidos no dia 24 de janeiro, dois dias antes da deflagração da operação.
A PF afirma que ainda não há indícios claros de vazamento. A corporação declara que trata a denúncia anônima como qualquer outra que chega às autoridades. Ainda que não tenha ocorrido vazamento, o agente pode sofrer punição administrativa por atuar como segurança particular.
Não é, contudo, o primeiro sinal suspeito encontrado pelas autoridades. Durante os quatro dias em que Eike permaneceu como foragido nos Estados Unidos, monitoramento feito por procuradores identificou um jato particular no país com “um plano de voo suspeito”. A aeronave havia saído do Brasil no mesmo dia em que o empresário embarcou, e levantou dúvidas.
A preocupação era acentuada porque Eike também tem nacionalidade alemã -o que dificultaria uma extradição caso conseguisse desembarcar no país europeu.
A decisão que determinou a prisão do empresário foi assinada no dia 13 pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio.
Investigadores afirmam que o período até a deflagração da operação é necessário para organizar o efetivo que vai às ruas. Cerca de 80 agentes foram mobilizados.
A PF diz que recebeu os mandados de prisão apenas no dia 25. No dia 26, na madrugada, recebeu a informação de que Eike estava no exterior, o que foi confirmado com sua ausência na residência na zona sul do Rio.
O advogado de Eike, Fernando Martins, negou que Eike tenha sido avisado com antecedência sobre a operação.
“Basta ver o número de entradas e saídas dele do país para ver que é comum ele viajar a negócios”, afirmou o advogado. Martins também disse desconhecer a presença de agentes federais como segurança da família do empresário.
A reportagem não localizou o agente Boaventura.
Folhapress