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Categorias: Brasil
| Em 6 anos atrás

Polícia encontra armas e dinheiro em fundo falso de armário de João de Deus

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A Polícia Civil de Goiás apreendeu nesta terça (18) cinco armas de fogo e o equivalente a R$ 405 mil em dinheiro vivo na casa de João Teixeira Farias, o João de Deus, em Abadiânia. O material estava escondido em várias partes do quarto do médium, entre elas o fundo falso de um guarda-roupa.

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A quantia estava distribuída em malas e no esconderijo do armário. Havia cédulas de várias moedas, incluindo reais, dólares americanos e canadenses, pesos argentinos, euros e francos suíços.

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Já as armas, todas sem registro, estavam num baú, numa gaveta e numa caixa. Trata-se de dois revólveres de calibre 32 e um de 38, uma pistola 380 e uma garrucha, esta última com numeração raspada. Havia ainda munições diversas, entre elas algumas de uso exclusivo do Exército, e uma arma de brinquedo.

O delegado-geral de Goiás, André Fernandes, disse que o médium vai responder por posse ilegal de armas de fogo. A origem do armamento, bem como do dinheiro, ainda vai ser investigada.

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A delegada Karla Fernandes, coordenadora da força-tarefa que apura os supostos abusos sexuais cometidos por João de Deus, afirmou ser plausível que a fonte dos recursos sejam doações de fiéis, o que, segundo ela, não precisa der declarado ao Fisco. Segundo registros contábeis encontrados, só a livraria mantida pelo médium girava R$ 500 mil por mês.

As buscas em três endereços, entre eles a Casa Dom Inácio de Loyola, local dos atendimentos de João de Deus, levaram mais de quatro horas. Peritos do Instituto de Criminalística de Goiás usaram substância que serve para detectar material genético, como sangue e sêmen, no recinto em que, segundo mulheres denunciantes, ocorriam as violações.

Até a sexta (21), a Polícia Civil espera concluir o primeiro inquérito do caso João de Deus. Ele deve ser indiciado por posse sexual mediante fraude, cuja pena é de até seis anos de exclusão em regime fechado, por suposto abuso de uma mulher que procurou atendimento em 24 de outubro.

Ela contou aos policiais que João de Deus a levou para o quarto de atendimentos individuais e a massageou na região sob o ventre, com a justificativa de dissipar uma energia ruim. Em determinado momento, teria notado que o médium estava com o pênis de fora e reagido, deixando o recinto.

Segundo as investigações, João de Deus ofereceu um quadro religioso à mulher e a presenteou com uma pedra. “Em depoimento, ele confirmou ter oferecido a obra de arte, mas disse não se recordar da pedra. E negou ter molestado a paciente. A prisão preventiva está decretada com base nele [esse inquérito], então há prazo para ele ser concluído”, explicou Fernandes.

O número de mulheres que procuram as autoridades em Goiás e em outros estados continua crescendo. Nesta quarta, mais uma entrou em contato com a Polícia Civil para relatar seu caso. João de Deus está preso desde o domingo no núcleo de custódia de Aparecida de Goiânia. Nesta terça (18), a Justiça negou liminarmente seu pedido de libertação.

Na decisão, o desembargador Jairo Ferreira Júnior, do Tribunal de Justiça de Goiás, informa que o médium baixou aplicações financeiras de R$ 35 milhões em suas contas bancárias e solicitou um cheque administrativo, em seu próprio nome, o que lhe permitiria descontar ou transferir os recursos.

Ele descreve resumidamente a operação, ocorrida quatro dias após o escândalo de abusos sexuais vir à tona, ao mencionar os argumentos do Ministério Público de Goiás para a prisão do suspeito. “[João de Deus] teria efetuado saques de todas as aplicações financeiras em instituições bancárias no país, mediante emissão de cheque de ordem de pagamento, em favor próprio, totalizando mais de R$ 35.000.000, no dia 12/12/2018, conforme alerta pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)”, escreveu o magistrado.

O aviso do Coaf, órgão que recebe comunicações bancárias sobre movimentações financeiras atípicas, foi feito à Promotoria de Goiás, que usou a informação para reforçar o pedido de prisão do médium. Os investigadores sustentaram que havia risco de ele estar ocultando patrimônio ou se capitalizando para uma fuga.

No pedido de libertação, o advogado do médium, Alberto Toron, argumentou que seu cliente sofre constrangimento ilegal, pois a prisão teria sido decretada “sem comprovação concreta da necessidade de se garantir a ordem pública pela gravidade dos crimes, a incerteza para a instrução criminal e aplicação da lei penal máxima porque não existem provas concretas de que o paciente teria abusado sexualmente das vítimas”.

O desembargador entendeu que os argumentos levantados pela defesa não deveriam ser analisados numa decisão de caráter liminar (provisória), mas de mérito, a ser tomada pelo plenário do tribunal. Essa sessão só deve ocorrer após o recesso do Judiciário, a partir de 7 de janeiro.

João de Deus é suspeito de abusar sexualmente de mulheres que procuravam atendimento na casa dom Inácio. Os casos tornaram-se públicos no último dia 8, após 13 supostas vítimas relatarem violações à TV Globo e ao jornal O Globo.

Desde então, a força-tarefa montada pelo Ministério Público de Goiás recebeu 506 relatos de supostos abusos cometidos pelo médium. A maioria chegou por e-mail e as denunciantes estão sendo chamadas a prestar depoimentos.

Na última sexta (14), a Justiça decretou a prisão preventiva do médium. Ele ficou escondido num sítio na zona rural de Abadiânia até se entregar na tarde de domingo (16) e ser levado para a prisão em Aparecida de Goiânia.

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