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Polêmica sobre indicação de cargos na Comurg gera troca de acusações entre vereadoras

Por 6 meses atrás

As vereadoras Sabrina Garcez (Republicanos) e Aava Santiago (PSDB) protagonizaram um embate com troca de ofensas na sessão ordinária dessa terça-feira (19) na Câmara Municipal de Goiânia por causa de uma suposta indicação de cargos para o Paço Municipal. Elas utilizaram palavras ofensivas uma contra a outra. Sabrina dizia que Aava tem pessoas na Administração e a tucana contestou.

Sabrina acusou Aava de ter feito indicações e chegou a exibir imagens de um documento que seria um atestado de exame admissional de uma pessoa ligada ao gabinete de Aava. O documento continha os dados da pessoa e as logomarcas da Prefeitura de Goiânia e da Comurg.

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Discórdia que apequena o Parlamento

Sabrina fez um histórico de sua origem, desde a bisavó dos Garcez.  Em alguns momentos a parlamentar passou trechos do programa de rádio onde o desentendimento iniciou, em que respondia sobre quem Aava teria indicado ao Paço. E a própria Sabrina afirmava: “Uai, o marido dela”, completando depois que “eram várias indicações… Parece que tem até umas indicações na Comurg, atualmente, se não me engano”, declarou Sabrina na emissora de rádio.

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Também exibiu o trecho em que Aava nega e diz que, “ao contrário dela, não sou herdeira de mandato e nem dos compromissos econômicos dos membros da minha família que foram impossibilitados de disputar eleição (…) Se meu esposo tivesse um cargo, assim como a mãe dela é Secretária de Direitos Humanos da prefeitura…”.

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Durante a sessão, em determinado momento, Sabrina reconhece que a discórdia entre elas é “pequena para o Parlamento, uma discussão pessoal”. Mas depois avança, envolvendo outros parlamentares na desavença, ao citar às vezes em que Aava foi dura com os vereadores da base do prefeito Rogério Cruz, também do Republicanos.

“Com toda certeza eu herdei, sim, várias características da minha família. Mas os mais de 40 mil votos que tive, eu conquistei, com toda certeza com o apoio da minha família, que é meu alicerce, que eu amo, que me acolhe e dá força. Não seja rasteira e não faça a péssima política de trazer outras pessoas para um debate que deve ser nosso”, atacou ela.

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Depois de usar o tempo da liderança do partido, Sabrina teve mais cinco minutos concedidos pelo presidente em exercício, vereador Anselmo Pereira (MDB), e atacou ainda mais.

“Eu não gosto de fazer isso, expor as pessoas, porque não acrescenta para a cidade, mas ao me chamar de mentirosa e colocar minha família em um debate público, tive de vir a esta tribuna”. Ela então perguntou se Aava conhecia uma mulher e citou o nome da mulher. Aava apenas sinalizou que responderia na sua fala durante a sessão.

Exibição de exame

Foi então que ela exibiu no telão, o que seria um atestado de exame admissional que segundo Sabrina, seria de uma prima de Aava que foi coordenadora de campanha da tucana.

“O documento mostra que ela esteve na Comurg em dezembro para fazer um exame admissional. Está na lista de indicações da vereadora Aava. Chegou na Comurg com envelope com o nome da vereadora Aava, fez o exame para ser contratada, como está escrito. É só coincidência ou cretinice mesmo?”, investiu ela.

Sabrina amenizou depois dizendo não ver problema na indicação, porque são cargos de livre nomeação. “O que não dá é para subir nessa tribuna e desqualificar os pares porque eles têm indicações na Prefeitura e a tarde estar lá, pedindo uma nomeação também”, alfinetou.

Ao finalizar, Sabrina citou que respeita parentes de Aava, citando a mãe e um irmão dela “que trabalhou na campanha de Cida Garcez” (mãe de Sabrina). Mas fechou dizendo que aconselhava a tucana a “parar de desqualificar o trabalho dos outros”. Chegou a lembrar que Aava foi sua madrinha de casamento.

A resposta da vereadora Aava Santiago foi imediata. Também na Tribuna, ela disse que se sentia constrangida de usar o espaço “para responder a esse chilique da vereadora Sabrina que apequena o Parlamento”.  

Na versão da tucana, “Sabrina foi a uma rádio e, em vez de defender o prefeito, ela começou a desqualificar a oposição dizendo que todo mundo que está na oposição é fisiológico. Quando disseram que eu não tenho cargos no Paço, a vereadora Sabrina disse tem, sim, vários cargos na Comurg, então desafiei ela que na ânsia de provar que tinha razão e não deu conta”, disse Aava.

Depois, citou que o próprio presidente da Comurg, Alisson Silva, teria procurado a emissora para negar o que Sabrina disse. E mostrou um vídeo do programa onde isso aconteceu. “Ela ouviu no corredor e levou para uma rádio, e eu sequer estava no estúdio”, reforçou. E provocou Sabrina afirmando ser “a única madrinha sua de casamento que não tem cargo na Secretaria Municipal de Direitos Humanos”.

Aava diz que vai acionar Polícia Civil

E ainda acrescentou: “Para tentar dar uma resposta, a vereadora confessa um crime, de violação de dados privados”, fazendo referência ao exame médico que a parlamentar exibiu. Nesse sentido, Aava anunciou que vai acionar a Polícia Civil para investigar “quem está passando exames admissionais, que são sigilosos, na mão da vereadora (Sabrina), que os mandou para a rádio”. Ela acusou Sabrina de “fazer política com base na fofoca”.

Indicações foram para Comurg por erro

Sobre as indicações, Aava explicou que precisava recompor os quadros do gabinete dela, desviados em parte para atender projetos e órgãos onde está à frente. “Eu toco os dois órgãos com maior volume de trabalho na Câmara, a Escola do Legislativo e a Ouvidoria da Mulher, que só têm um cargo de coordenação. Então disponibilizei cargos da minha estrutura pessoal do gabinete para esses departamentos. Isso causou prejuízo ao meu mandato”, detalhou.

Segundo ela, ao se queixar ao presidente da Câmara, Romário Policarpo, “ele se dispôs a organizar (mais cargos) na Assembleia Legislativa para que não tivesse o prejuízo ao meu mandato”. O motivo de envolver a Assembleia é por uma parceria entre a ouvidoria da Câmara e a Procuradoria da Mulher da Alego, segundo explica.

Contudo, os currículos que ela encaminhou foram enviados para a Comurg, em dezembro. “Quando os meus indicados disseram que foram para a Comurg, fiquei muito irritada e ele [Policarpo] me pediu mil perdões e paralisou o processo porque para fazer o que eu faço, não posso ter nenhum tipo de laço com a Prefeitura”, justificou.

Ela disse que acredita ter havido um “vício de costume de lugar porque vários vereadores da base foram contemplados com cargos na Comurg e, na intenção de solucionar rápido, fizeram esse encaminhamento”.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.