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Notícias do Estado
| Em 3 anos atrás

Polarização Lula e Bolsonaro é reflexo do “ocidente em crise”, avalia diretor do Instituto Verus

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Se não ocorrer uma reviravolta que mude o cenário eleitoral em 2022, a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) deve permanecer até o final da disputa em outubro com pequenas variações para mais ou menos, mas sempre permanecendo no patamar que está. Essa é a avaliação do presidente do Instituto Verus, Luiz Felipe Gabriel em entrevista ao Diário de Goiás.

Ele avalia que a polarização da dupla é reflexo da crise democrática que países ocidentais têm vivido ao longo das últimas décadas. “Até que ponto vale a pena ganhar? Até onde você vai para ganhar um processo desses? A gente viu que os mecanismos democráticos no mundo inteiro começaram a ser questionados no sentido de representar aquilo que a sociedade quer ver no comando. A gente vê que independente do país há mecanismos próprios de controlar quem vai ser o candidato. Essa mesma angústia nós vimos nos Estados Unidos. A população dividida ao meio. Com facas nos dentes. Um querendo bater no outro, o Democratas e o Republicanos. Vimos agora na França, o Macron sendo eleito meio que um pouco da história do Lula aqui com a sociedade dividida”, pontua.

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“É um fenômeno mundial que tem a ver com os questionamentos sobre o exercício da democracia. Como é isso? Qualquer um pode chegar ao Poder? Basta ser alfabetizado e se souber assinar o nome, nasceu no país e tem 35 anos, pronto, tá qualificado para conduzir uma nação com 200 milhões de pessoas. Como é isso? É assim mesmo? Se você está numa sociedade avançada e isso, a chance da população escolher o melhor é grande. E em países de terceiro mundo que convivem com a fome e a desgraça? Tudo isso no meio desse pacote e aqui do nosso lado estamos vendo Lula e Bolsonaro mas que é reflexo do Ocidente em crise. O ocidente”, conclui ressaltando que países do Oriente Médio não passam por tais crises.

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Felipe avalia que a democracia “abre uma janela perigosa” para candidatos populistas e que até o “pior” político pode ser eleito por meio do processo. “A democracia é uma invenção ocidental. Desde a Escola Platônica que considera o regime democrático a pior forma de governo e só perde para a tirania. E é horrível porque qualquer um pode ser governante e qualquer um significa que não é o melhor. Pode abrir espaço para tirania. Surge um tirano, um Adolf da vida que se elege por processo democrático e toma conta do Estado e isso a gente vê frequentemente. A Venezuela tá aí que não deixa a gente mentir. A democracia abre uma janela perigosa”, indaga.

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Diante desse cenário, Felipe avalia que não haverá uma significativa alteração no cenário até outubro e que se houverem, serão por conta dos erros de cada um dos pré-candidatos. “Eu diria que a mudança vai ficar por conta dos erros. Dos erros que podem ser cometidos, das frases infelizes até o dia da eleição propriamente dito. Mas a princípio a gente vê que a campanha de TV não tem mais aquela força histórica, as redes sociais já estão trabalhando ostensivamente como é um fenômeno novo do ponto de vista de canal ou de mídia, não tem tanta regulamentação então a coisa já tá há muito tempo andando o que diminui a margem para mudanças abruptas. Acho que a diferença entre Lula e Bolsonaro vai ficar oscilando uma hora para mais outra para menos. Mas se você pegar numa régua de tempo maior você vai ver que está dentro de uma faixa levando a uma certa estabilidade sim”, concluí.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.