O PMDB exibe problemas de unidades interna enquanto alguns de seus membros falam de necessidade de união da a oposição a Marconi Perillo (PSDB). Enquanto isso, o partido vive uma nova disputa interna segundo relato da reportagem de Marcelo Tavares, no Tribuna do Planalto.
Dois lados claramente delimitados. Este é o panorama atual do PMDB, que começa o ano eleitoral com fissuras em relação ao candidato que representará o partido nas eleições de outubro rumo ao Palácio das Esmeraldas. Os partidários do empresário Júnior do Friboi estão animados desde a oficialização do empresário como pré-candidato do partido. Friboi, inclusive, fala que a sua candidatura já está definida no partido. Do outro lado, aliados do ex-governador Iris Rezende atuam mais discretamente. Eles, contudo, não escondem que o caminho do partido é de total indefinição e que o candidato ainda depende de trabalho. Para iristas, o candidato pode até ser Júnior, mas ele terá que se viabilizar.
Novo entre os peemedebistas, Friboi entrou na legenda com status de estrela, já que sua vinda teria acontecido por intermédio de articulação da Executiva Nacional. O pré-candidato também logo conquistou as principais lideranças no interior, que em sua maioria apoiam sua postulação para o governo do Estado. Em agosto, inclusive, cresceu na legenda o movimento de prefeitos junistas pressionando a executiva estadual para que o nome do empresário fosse logo oficializado como pré-candidato.
Friboi tem um grande atrativo que explica o apoio súbito que recebeu ao entrar na legenda – a questão financeira. Sócio da maior empresa de proteína animal do mundo, o empresário coleciona bilhões e fascina o patidos, já que muitos de seus aliados esperam conseguir recursos para financiar as suas campanhas de deputado em 2014. No entanto, isso não é atrativo para todos. O PT, principal aliado do PMDB, não é simpático ao nome de Friboi e tem ensaiado sair em carreira solo em 2014, pelo menos no primeiro turno. Tanto que a agremiação praticamente oficializou a pré-candidatura do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), no início de dezembro.
Nos bastidores políticos comentam que o PMDB concedeu um prazo para que até março o empresário viabilize sua candidatura. Ele nega. Em recente entrevista ao Jornal Opção, afirmou que não sabia de onde haviam tirando o prazo e que isso tudo era “ficção”. Também aproveitou para declarar que “lógico”, ele será o candidato. “Sou pré-candidato e estou trabalhando, crescendo nas pesquisas, Iris está participando do processo como conselheiro”. Segundo fontes próximas, Júnior está tão confiante na sua homologação que já estaria trabalhando para organizar sua campanha, inclusive procurando um coordenador para a campanha. Um dos nomes mais comentados é um de seus principais apoiadores, o deputado federal Leandro Vilela (PMDB).
Consolidado
Os junistas, apoiadores de Friboi, não escodem a animação com a possibilidade do empresário ser o candidato do partido. O deputado estadual Daniel Vilela (PMDB) acredita que a candidatura de Friboi está se consolidando e que todos os critérios a serem utilizados na escolha de um candidato ao governo estão sendo cumpridos pelo empresário. Ele citou o poder de aglutinação, já que, hoje, nove partidos que fazem oposição ao governo apoiam a candidatura de Júnior Friboi, ficando de fora apenas o PT que não se manifestou. Sobre as intenções de voto, o parlamentar explica que o índice que Friboi tem, que é de 12%, é um fator muito positivo para uma pessoa que 75% da população ainda desconhece.
Sobre a questão do discurso eleitoral, um outro fator importante para um candidato, o deputado explica que isso será construído até a campanha iniciar e será feito a “quatro mãos”, com a participação de partidos aliados. Daniel Vilela concorda que novos fatos podem surgir no decorrer dos próximos meses, mas não acredita em fatos que provoquem a saída de Júnior Friboi no processo e por isso apostas as suas fichas em sua candidatura. “Ele vem atendendo todos os critérios para ter uma candidatura forte. Então não vejo motivos para que não seja o candidato da oposição”, ressalta.
O prefeito de Porangatu, Eronildo Valares (PMDB), também não vê outros nomes colocados para a disputa que tenham condições para vencer as eleições, que não o de Júnior do Friboi. “Ele é o único nome dentro PMDB. Não é um consenso total, porque há resistências pontuais, mas que estão diminuindo a cada dia”. O prefeito acredita que o trabalho do pré-candidato tem desconstruído barreiras ao seu nome. Questionado se a Executiva não teria atropelado as outras pré-candidaturas que haviam sido colocadas – Wagner Guimarães e Ivan Ornelas -, Valadares negou essa hipótese e afirmou que os dois se postularam, mas não houve apoio de alas do PMDB à iniciativa.
Único pré-candidato do PMDB, Friboi tem tudo para se confirmar como candidato e só depende do seu trabalho para isso, explica o presidente da executiva estadual, deputado estadual Samuel Belchior. Segundo ele, o empresário só não será o candidato da legenda caso não consiga se viabilizar ou desistir da corrida eleitoral. Mas o parlamentar pondera que embora Friboi, teoricamente, seja o único nome até agora, é preciso “aguardar o andar da carruagem”. “Não tem como oficializar ninguém antes da convenção de junho, ou seja, até lá tudo pode acontecer. É claro que nesse momento, o Júnior é o candidato, mas se isso vai continuar assim não posso afirmar que sim, nem que não”.
Iris e PT
Ao contrário do que muitos partidários comentam nos bastidores, Samuel também reforça o que vem sendo dito por Júnior do Friboi, de que não há prazo para ele se viabilizar e que o PMDB, ao oficializar a pré-candidatura do empresário, deu condições para que ele trabalhe como único nome do PMDB e para que possa dialogar em nome da sigla. “Ele deverá trabalhar e será observado pelo PMDB e nossos aliados para saber se terá condições, ou não, de ser o candidato”, afirma o deputado, que completa que uma avaliação de sua atuação será feita com todos os partidos da base de oposição.
Mas para ser um candidato com chances de vitória, caberá a Júnior Friboi trabalhar ainda muito mais, principalmente, para reunir em torno de seu nome dois apoios importantes, e que as lideranças do PMDB são unânimes em ressaltar, que é Iris Rezende (PMDB) e o PT. Figura fundamental para o processo eleitoral, Iris ainda não se colocou como cabo eleitoral do empresário. Pelo contrário. Nos bastidores fica cada vez mais evidente seu trabalho para ser uma opção ao governo mais adiante.
“Sem o Iris, a oposição não dará conta de ganhar a eleição. Não é nem o Friboi, mas a oposição”, ressalta Samuel Belchior. Já Daniel Vilela não acredita que Iris esteja fora do processo e afirma que o decano irá apoiar qualquer candidato escolhido pelo PMDB. Sua expectativa é que o ex-governador apareça quando começar a campanha. “Agora é o momento do pré-candidato trabalhar, de haver discussões internas do partido e das legendas aliadas”, discursa o deputado estadual.
Apesar da relação com o PT estar estremecida, principalmente, por conta das últimas declarações de Júnior Friboi, que pressiona a legenda com o discurso de que o PMDB pode não apoiar a candidatura de Dilma Rousseff, os junistas esperam o apoio da sigla e ressaltam a importância dos dois partidos estarem juntos em 2014.
Segundo Daniel Vilela, se as duas agremiações estiveram desunidas irão perder a eleição. “O PMDB tem obrigação de trabalhar pela eleição da Dilma”, diz o parlamentar, ao afirmar que no momento certo os dois partidos chegarão a um consenso e ter “a maturidade necessária” para entender que é preciso estarem juntos para vencer as eleições. O presidente Samuel Belchior também ressalta a importância da união das duas legendas e afirma que o pensamento é manter a aliança. “Isto está sendo feito entre as direções estaduais dos dois partidos”, frisa.