Uma ação da Polícia Militar no início da manhã deste domingo (11) prendeu dois suspeitos de tráfico e retirou todos os barracos e usuários de droga que ocupavam havia 21 dias a praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo. O local ficou conhecido como a nova cracolândia da cidade, com a presença de quase mil pessoas. A compra e venda de drogas ocorria livremente no espaço.
Por volta das 6h, policiais, com o apoio de integrantes da GCM (Guarda Civil Metropolitana), isolaram os quarteirões em torno da praça e iniciaram a operação. Dependentes químicos colocaram fogo em barracas e colchões ao perceberem a chegada dos PMs. Não houve confronto, e os usuários de espalharam para outros pontos da região central da capital. Alguns dos viciados reclamavam com os guardas-civis por não poderem acessar as barracas para recuperar itens pessoais. “Perdi celular, relógio, documentos. Estava tudo dentro da barraca”, diz Isaias dos Santos, 61.
Esta foi a a segunda ação em menos de um mês para dispersar a cracolândia. No último dia 21, uma ação policial prendeu traficantes e desobstruiu vias nas quais funcionava uma feira de drogas a céu aberto sob o comando de uma facção criminosa. A ação naquele domingo (21) foi arquitetada pela Polícia Civil e executada em parceria com a Polícia Militar. Apenas poucos secretários de Doria foram avisados da operação, sendo que os responsáveis pela área da saúde e assistência social só ficaram sabendo um dia antes.
Naquele dia, o novo programa anticrack de Doria não estava pronto. Uma das promessas era o cadastramento prévio dos usuários, para que recebessem encaminhamentos corretos, como tratamento médico. Sem isso, em meio a ações atabalhoadas e discursos oficiais dissonantes, o que se viu nos dias seguintes foram viciados espalhados pelas ruas e a formação de uma grande concentração deles na praça Princesa Isabel, a 400 metros do perímetro da cracolândia original.
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) e a gestão municipal do também tucano João Doria dizem que agora a estratégia será diferente. Segundo eles, após a ação deste domingo, não serão mais permitidas as montagens de barracas por usuários de drogas, isso na própria praça Princesa Isabel como em outros pontos da região central da cidade. A promessa também é de não permitir o retorno dos usuários para o antigo ponto de concentração e alvo da ação de 21 de maio. “Esse é um trabalho permanente. Isso não vai resolver do dia para a noite”, disse Alckmin.
Neste domingo, porém, apenas uma hora após a entrada de policiais na praça, usuários se juntaram para consumir drogas na rua Largo Coração de Jesus, a cerca de 400 metros dali, onde antes era a antiga cracolândia. O chamado fluxo se estabeleceu na rua Helvetia na esquina com a alameda Barão de Piracicaba, palco da antiga feira da droga. Usuários fumavam pedras de crack sob o olhar de guardas-civis.
Questionado sobre isso, Doria disse que o poder público não pode impedir as pessoas de circular. “Isso é um direito das pessoas. Não pode impedir que as pessoas circulem pela cidade. Nós não vamos permitir a instalação de equipamentos financiados pelo PCC que domina a distribuição de entorpecentes e acabou o shopping center [de drogas] que existia até recentemente”. “Não há menor hipótese da rua Helvetia e Dino Bueno voltarem a ter o status que já teve no passado. A hipótese é zero”, completou o prefeito. Ele e Alckmin deram entrevista logo após a ação, no centro de SP.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, a ação deste domingo teve como objetivo a busca de armas e drogas e, principalmente, desmontar toda a estrutura de barracas de lona que se ergueu na praça nas últimas semanas e vinha sendo usada para venda e uso de crack. “A GCM está orientada a retirar novas barracas que forem montadas no entorno”, disse o secretário.
Foram apreendidos cerca de dois quilos de crack, R$ 1.600 reais em dinheiro e três celulares. Dois suspeito de tráfico foram presos. (Folhapress)