Antes de disparar contra o assessor comercial, Davi Augusto de Souza, o cabo da PM e colaborador da Congregação Cristã do Brasil publicou uma mensagem enigmática nos stories do Whatsapp: “Ri agora e chora, amargamente, depois. A Justiça de Deus é implacável e não poupará nenhum daqueles que intentaram o mal contra o justo”, dizia a mensagem publicada às 18h52. O serviço deixa as mensagens no aplicativo de mensagens por 24 horas.
“A espada da Justiça vai passar e degolar as cabeças que arquitetaram esse plano maligno. Os humilhados serão exaltados. Força e honra sempre!!”, complementava a mensagem. Aproximadamente duas horas depois, na última quarta-feira (31/08) os disparos foram feitos dentro de uma unidade da religião no Setor Finsocial. O culto continuou normalmente como se nada tivesse acontecido.
Segundo o boletim de ocorrência, o cabo da PM efetuou o disparo após ambos entrarem em luta corporal. Ainda de acordo com a corporação, o assunto será apurado. O oficial compareceu espontaneamente para prestar depoimento. Daniel, irmão de Davi, contesta a versão e diz que o estrago poderia ser ainda maior, já que o militar iniciou a briga dando socos nele e no irmão. Em seguida, tentou efetuar disparos por várias vezes, porém, ele relata que a arma falhou nas tentativas.
Daniel ressalta que conversou com o autor do disparo que é colaborador da Igreja – uma espécie de obreiro – e toca na banda da Igreja. Ambos colocaram os pingos nos is e fizeram as pazes. O irmão de Davi chegou a dizer que o perdoa e que o assunto não vai se estender.
As agressões que os irmãos receberam por parte do militar, se deu após a vítima conceder uma entrevista ao Diário de Goiás no último dia 24 de agosto. Em conversa com nossa equipe de reportagem, a vítima disse que o líder da igreja estava pressionando fiéis a votarem no presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na ocasião, Daniel relatou que sempre frequentou os corredores da igreja com muita tranquilidade e sem problemas com relacionamentos políticos. O próprio Estatuto da Religião define a mesma como uma organização “apolítica”.
.
Mas, segundo ele, a situação começou a mudar a partir do momento que a Circular começou a ser lida publicamente por pastores da igreja. Apesar de não fazer menção direta, Daniel afirmou que os líderes interpretam aos microfones e destacam partidos como o PT, que tem sustentado a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Eu nunca vi nos meus quarenta e cinco anos de igreja isso acontecer”, relatou. “Quando alguém fala que não vai votar no Bolsonaro, é tido praticamente como um endemoniado”, completou.
Em nota, a Polícia Militar de Goiás informa que assim que tomou conhecimento do caso, determinou a instauração de procedimento administrativo disciplinar para apurar as circunstância do fato. E ainda de acordo com a nota, o policial que efetuou o disparo se apresentou de forma espontânea na Polícia Civil para os procedimentos cabíveis.