Na disputa pela prefeitura de Pirenópolis, Ynaê Siqueira Curado, candidata pelo União Brasil, tem se destacado com propostas voltadas para a solução de problemas estruturais que afetam diretamente a vida dos moradores e o turismo na cidade. Em entrevista ao Diário de Goiás, Ynaê fala sobre sua trajetória política, o atual cenário da administração pública local, suas principais propostas para o futuro de Pirenópolis e como pretende reestruturar áreas cruciais, como infraestrutura urbana e tratamento de esgoto. Confira a seguir:
Altair Tavares: A senhora é vereadora, esteve aí em oposição ao atual prefeito. Como é que é esse histórico recente da senhora na cidade de Pirenópolis?
Ynaê: Bom, eu sou a vereadora mais jovem já eleita na história de Pirenópolis, fui eleita aos 21 anos e estou terminando o mandato de vereadora como a vereadora mais bem avaliada. Então, foi um mandato de muitos desafios, ser oposição, ainda mais como vereadora, não é nada fácil, mas a gente conseguiu, com muito trabalho, muita organização, servir a população e chegar no final do mandato tendo reconhecimento popular, como a vereadora mais bem avaliada da história. Então, é um mandato que, de fato, marcou a comunidade pirenopolina e que, sem dúvidas, é um dos motivos pelo qual estou hoje candidata a prefeita da cidade.
Altair Tavares: As disputas em Pirenópolis são acirradas, como em algumas cidades do interior. O que a senhora está apresentando em termos de propostas, avaliação da atual gestão e planos para a cidade?
Ynaê – Bom, a atual gestão tem uma avaliação muito ruim, simplesmente porque acomodaram e não resolveram os problemas da cidade. E a gente vem, justamente, contrapondo isso, mostrando que eu vou ser uma pessoa presente na cidade, assim como sou como vereadora, que estarei atendendo a população. E, no que diz respeito à proposta, eu dediquei a minha vida a estudar a nossa cidade, um município que tem uma extensão territorial muito grande. A gente está falando de 2.200 quilômetros quadrados de Pirenópolis. A gente tem 1.297 mil quilômetros para poder arrumar de estrada, não pavimentada. A gente tem cerca de 2 mil pontos no município. Então, de fato, é um desafio, mas também temos um orçamento significativo. A gente tem trabalhado com um orçamento na casa de 120 milhões, o que mostra que nós temos condições, sim, de resolver todos os problemas da cidade. Então, a gente vem muito com essa pegada de resolver os problemas no sentido de fazer o que precisa ser feito. Em Pirenópolis, hoje, não temos o básico. Então, a gente quer garantir esse básico. Temos propostas para poder organizar a situação do turismo, apresentar o plano de mobilidade urbana da cidade, que até hoje não tem e já deveria existir, por ser uma obrigação da legislação federal. A gente tem 10 povoados aqui na cidade, todos com potenciais turísticos. Então, é proposta nossa também expandir o turismo para os povoados.
Hoje, a gente está sofrendo um pouco em relação ao turismo, porque está faltando infraestrutura na cidade. As ruas têm muitos buracos. Então, a gente está realmente apresentando propostas plausíveis para resolver esses problemas que sempre existiram, que não são coisas de outro mundo, mas que ninguém nunca fez.
Altair Tavares: Falando em turismo, Pirenópolis é uma das cidades que mais atrai turistas no estado de Goiás. A cidade carece de infraestrutura para acompanhar essa demanda?
Ynaê – Para você ter uma noção, vou só te trazer alguns dados para você ver que o problema de infraestrutura aqui é bem sério. Nós temos menos de 40% do esgoto da cidade tratada. Uma cidade turística, uma cidade que vive do meio ambiente, a gente tem esgoto caindo no Rio das Almas, um rio que é o cartão postal da cidade em pleno centro histórico. Só para você ter noção desse problema. E nessa questão de investimento, a gente tem, inclusive junto com o governador Ronaldo Caiado, eu sou candidata da base dele, esse projeto de despoluição do Rio das Almas. Isso inclui investimentos tanto do governo municipal quanto do governo estadual. Toda essa pauta ambiental que está no sentido de infraestrutura, que é a questão também de saúde pública, de qualidade de vida do cidadão, e também ajudaria na questão turística. Nós não temos galerias de águas pluviais para poder tratar. Quando vem a chuva, a chuva simplesmente lava o asfalto, porque não tem para onde a água correr. Então, a gente tem problemas sérios de infraestrutura. Nós temos uma infraestrutura de uma cidade da década de 80, uma infraestrutura que foi feita para uma cidade com 10 mil habitantes, e hoje a gente tem 26 mil habitantes.
Altair Tavares: É decepcionante ouvir que o Rio das Almas está poluído, ainda mais para uma cidade que valoriza tanto o ecoturismo. Como isso foi permitido? Mas, nessa área, a principal responsabilidade é mais da Saneago ou da prefeitura?
Ynaê – Falta, primeira coisa, fiscalização. A questão dos rejeitos que são jogados no Rio é um problema muito da administração pública, que não tem fiscalização. Falta, sim, o investimento também por parte da Saneago, mas, primeiro, porque a prefeitura, na época, se recusou a renovar o contrato. Daí, nisso, nós tivemos modificação em legislação federal, entre outras coisas. Então, a omissão é municipal. A falta de fiscalização é municipal. Então, o problema é municipal.
Altair Tavares: Entendi. Agora, falando sobre a oposição, a senhora tem como adversário o atual prefeito, que está em situação jurídica ainda questionável. Quais são os principais pontos que diferenciam a senhora dele?
Ynaê – Bom, em relação à situação jurídica do outro candidato, eu falo para o meu grupo que a gente vai ganhar na urna, independente de qualquer outra coisa. Então, eu nem gosto muito de comentar isso. Só que uma coisa, é importante, acho que todo mundo saiba que, quando eu me tornei vereadora, eu já vim da oposição, porque eu não me candidatei do lado dele. Só que a minha função e o meu papel era cumprir meu papel de vereadora, e eu estava com esse propósito. Quando foi que a gente teve um rompimento de briga política? Foi quando ele extinguiu a Secretaria de Agricultura do município. Porque aqui em Prenópolis, a gente tem 10 povoados que vivem únicas, exclusivamente da atividade rural. Para você ter noção, a gente tem quase 300 mil cabeças de gado na cidade, que é uma cidade turística. Mas nós temos produção, nós temos rural, então precisa de incentivo. Então, a gente teve esse rompimento dessa briga política nesse momento, e depois a gente literalmente virou uma oposição. E o estilo de política dele é muito diferente do meu estilo de política. Enquanto estou prestando por entender a demanda da população, realizar as coisas, resolver os problemas, às vezes o pensamento ideal dele é outro. Então, a diferença nossa é muito grande dos pensamentos de ideal.
Altair Tavares: Falando de futuro, o turismo em Pirenópolis continua crescendo. Quais são os seus planos para melhorar ainda mais esse setor?
Ynaê – Primeira coisa, o turismo está em crescimento, só que nós estamos perdendo o bom turista. Isso é dado porque, antes de vir para a vida pública, eu sou da iniciativa privada. E o que acontece hoje? O bom turista que vem para Pirinópolis procurar um meio ambiente preservado, procurar uma tranquilidade, ele não está encontrando. Porque, quando ele chega na cidade, ele enfrenta um trânsito caótico. Não tem onde estacionar o carro. Não sei se o senhor frequenta Pernópolis, mas, se frequentar, você vai passar por essa realidade. A gente não tem calçada. Nem se a pessoa quiser andar a pé, ela não consegue. Então, a primeira meta urgente do meu planejamento para resolver a questão de dar qualidade para o turismo é o plano de mobilidade urbana, para que o nosso turista consiga transitar no centro histórico, consequentemente, o nosso morador também. A gente vai priorizar o pedestre, ter os bolsões de estacionamento, que, inclusive, nós já temos local, que eu até cheguei a propor enquanto vereadora, mas, na época, não foi admitido. Tem que ter ações rápidas, no sentido de, também, ter a manutenção das estradas, que leva os atrativos, a manutenção das estradas vicinais, porque é um problema muito grande. O empresário consegue vender muito bem o seu produto, só que sempre para ali na infraestrutura da administração pública. Todo o problema de Pirinópolis, hoje, está pegando a falta de infraestrutura. O turista vem para Pirinópolis e, na estação, ainda corre o risco de ficar sem água, dependendo do dia. A gente tem um local aqui na cidade, por exemplo, que está sem água há cinco dias, porque não tem fiscalização da parte da prefeitura, não existe uma cobrança, a nação é água e o problema vai sendo tocado. Isso está prejudicando muito o nosso turismo, o nosso bom turista. O nosso objetivo é focar nessa sustentabilidade do turismo, conseguir garantir essa roda, o trecho funcionando direitinho, a iniciativa privada faz o seu papel de uma forma maravilhosa e a gente, enquanto poder público, o objetivo é garantir a infraestrutura da cidade, ter praças bonitas. Não sei se você tem vindo na Praça Central, que é a cartão postal da cidade, mas está horrível, está imunda. A nossa igreja matriz, que é cartão postal, a frente está caindo, está toda descascada, porque não pinta. O nosso patrimônio histórico não tem cuidado. Então, a cidade está largada. A cidade está horrível. Então, talvez essas questões… Um bom turista vem para a cidade. Ele está andando na rua e, de repente, encontra um bando de lixo jogado, porque não houve uma coleta adequada. São problemas que não deveriam existir, principalmente com uma cidade, com a visibilidade que Pirenópolis tem.
Altair – E a coleta do lixo tem falhado?
Ynaê – E muito. Nós temos um problema seríssimo no tratamento de resíduos sólidos, na limpeza urbana, no quesito saneamento básico. Total, Pirenópolis está péssimo. Não tem limpeza urbana. Para você ter noção, temos pouquíssimos garis e o município não tem investido nisso, nem poda o município tem feito. Temos um monte de praça, que o mato é enorme. Se não é o morador para limpar, não vai. Uma cidade turística?
Altair – O que se espera no mínimo é que tenha uma condição de receber bem as pessoas, mas, naturalmente, uma boa condição também para os moradores da cidade. Isso prende muito.
Ynaê – Temos que ter uma administração pública funcionando, fazendo o básico, garantindo limpeza urbana, garantindo coleta de lixo, garantindo… Uma coisa também em relação ao turismo que pretendemos criar é a guarda municipal para ajudar no policiamento turístico, que agora, junto com o governador, conseguiu se retomar o policiamento turístico dentro da cidade de Pirinópolis. Embora sejam muitos problemas, não são problemas que são coisas de outro mundo. Tudo que falamos até agora, ao meu ver, e dentro do que estamos planejando no nosso plano de governo, são coisas básicas que deveriam estar acontecendo porque a máquina está girando. Se não está acontecendo, temos um problema administrativo, um problema de gestão, que é o que não teremos na minha administração tudo dando certo. Vamos colocar a máquina pública para funcionar.
Altair – Sim. Do que entendo, a sua experiência como vereadora deu muitos auxílios para a sua pleiteada candidatura a prefeita.
Ynaê – Com certeza. Mas me preparo para estar na política desde os meus 16 anos de idade. Sou advogada, pós-graduada em Direito Municipal e Direito Público. Estudei para ser política. É algo muito raro de acontecer, mas realmente entrei para a Faculdade de Direitos com o objetivo de estar na política. Me dediquei a isso. Me dediquei a conhecer cada cantinho de Pirinópolis, cada particularidade do nosso município. Aqui eu tenho um terreno arenoso, mais embaixo do município eu já tenho uma terra de cultura muito forte, onde eu posso estar incentivando a agricultura. Aqui eu tenho mais cachoeira, mais potencial turístico. Então, esse mapeamento de entender nossa cidade, eu dediquei-me a fazer isso. E não é de hoje. Eu até brinco assim com o pessoal, às vezes falam que a Ynaê é muito nova, mas pega para ver há quanto tempo eu estou estudando para isso. Se a gente for pegar para ver, são mais de 10 anos. Então, não caia aqui de paraquedas.
Altair – Entendo. E a sua aliança? Quem administra? Vai junto a partidos, aliados? A senhora citou aqui, agora há pouco, o governador Ronaldo Caiado. O sobrenome Curado é muito conhecido por todo lado, tem muita gente na política. A senhora faz parte da família Curado original, lá de trás?
Ynaê – Sim. Inclusive, sou descendente do general Xavier Curado, que chefiou as tropas de independência do Brasil. Então, venho da linhagem da família antiga, venho da descendência dele. Só que aqui em Pirinópolis, por incrível que pareça, embora a família Curado tenha se envolvido com políticas em outros locais do Estado, aqui em Pirinópolis, eu sou a primeira a me envolver politicamente. A minha família não é política nem para o lado do meu pai nem para o lado da minha mãe. Eu sou a primeira política da família. Inclusive, a minha família, na verdade, no começo tinha uma certa resistência, porque, quando a gente fala de política, sempre vêm referências ruins, e não dá para tirar a razão diante dos exemplos que temos.
Altair – É, de fato. Mas tem bons exemplos, mas também muitos bons exemplos.
Ynaê – Agora começou a ter ótimos exemplos, e é neles que eu me inspiro. Um exemplo para mim que sempre é referência é o governador.Tanto é que, quando eu entrei para política e procurei um partido para me candidatar, eu procurei estar do lado dele, alinhada com ele. Na época, eu fui eleita vereadora pelos democratas, hoje União Brasil. Então, eu sempre procurei seguir um alinhamento político muito dentro dos princípios que eu defendo e do que eu acredito. Então, eu sempre segui a caminhada ao lado do governador, do presidente Zé Mário da FAEG, quando era deputado. Agora nós temos a Maruça, deputado Virmontes, deputado Linneu. Então, sou dessa linha de político que trabalha, que tem bons princípios e que vem com essa nova cara mesmo.