A Polícia Federal deflagrou uma operação, na manhã desta terça-feira (19), para desarticular um esquema de tráfico internacional de drogas, descaminho e furto de bebidas do interior de aeronaves em pouso no aeroporto Internacional Tom Jobim, conhecido como “Galeão”, no Rio de Janeiro.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos 36 mandados de prisão preventiva, um de condução coercitiva (quando o suspeito é obrigado a comparecer na delegacia para prestar depoimento) e mais 36 de busca e apreensão contra suspeitos de Rio de Janeiro e São Paulo. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal do Rio.
As investigações, realizadas em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal, duraram dez meses e apontaram a participação de funcionários do próprio aeroporto, de companhias aéreas e servidores públicos da área de fiscalização no esquema criminoso.
Entre os mandados de prisão, pelo menos 23 são contra funcionários do aeroporto e dois contra servidores da Receita Federal. Foram identificados três grupos, capitaneados por um ex-funcionário do Galeão, responsável por recrutar os demais membros do grupo criminoso. Ele era auxiliado por seu pai, que ainda trabalhava no aeroporto.
O primeiro grupo suspeito era responsável por embarcar malas recheadas de cocaína para aviões com voos para o exterior, burlando a fiscalização policial e a alfândega. Para o transporte ilegal não ser descoberto, os suspeitos contavam com o auxílio de funcionários que tinham acesso à área restrita do Galeão. Eles eram incumbidos, segundo a PF, de colocar as malas em voos internacionais sem passá-las por nenhuma inspeção.
A droga pertencia a dois estrangeiros -um albanês e outro romeno-, e ficava armazenada num galpão localizado no Mercado São Sebastião, na Penha, onde acondicionada em malas para o embarque, sendo transportada até o aeroporto de táxi pois a quadrilha achava que assim seria menor o risco de ser interceptada por blitzes.
No balcão de “check-in”, funcionários da companhia aérea providenciavam a duplicação irregular de etiquetas de bagagem despachadas por outros passageiros, inocentes, e que não pertenciam à quadrilha, afixando às malas preparadas pela quadrilha, para as quais providenciavam o despacho com o objetivo de garantir a entrada delas na área restrita, simulando destinação para voo doméstico.
Operadores de rampa, integrantes do grupo criminoso, ao identificarem a bagagem com a droga, deixavam de colocá-las no contêiner do voo doméstico, desviando-as para contêineres de malas que ingressariam em voo internacional. Outra forma de acesso da cocaína era pela área de apoio do aeródromo.
Dentro das investigações, a Polícia Federal realizou em setembro a maior apreensão de cocaína da história do Galeão, contabilizando mais de 300 kg da droga.