A Polícia Federal realizou nesta segunda-feira (16) uma operação de busca no gabinete do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
O acesso ao 6º andar da Câmara dos Deputados, local onde fica o gabinete do parlamentar, esteve bloqueado pela Polícia Legislativa para que a PF cumprisse o mandado.
Depois de quase cinco horas de busca, a Polícia Federal deixou a Câmara poucos minutos antes das 11h. Agentes da PF estavam vestindo roupa preta, sem caracterização. O material apreendido -incluído em um malote- foi colocado em dois carros que estavam sem identificação.
A reportagem apurou que a PF também realizou busca e apreensão na casa do parlamentar em Salvador (BA). O apartamento é vizinho ao do irmão Geddel, preso na Papuda (DF) desde setembro. Houve busca e apreensão também no apartamento funcional do deputado, em Brasília.
Outro alvo da operação foi Job Ribeiro Brandão, assessor de Lúcio e que também já trabalhou para Geddel. A suspeita da PF é de que ele atue como “laranja” do deputado federal. Em pesquisas realizadas nos últimos dias, a PF identificou fragmentos de digitais de Ribeiro no “bunker”.
A operação foi a primeira deflagrada a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ela tomou posse na PGR no dia 18 de setembro.
A ação está relacionada aos R$ 51 milhões encontrados pela polícia em um imóvel na capital baiana que seria utilizado como “bunker”. O dinheiro foi atribuído a Geddel.
Impressões digitais do ex-ministro e de um aliado, Gustavo Ferraz, foram identificadas em plásticos que envolviam as cédulas. Ferraz também foi preso em setembro, na operação Tesouro Perdido, desdobramento da Cui Bono, que investiga desvios de recursos da Caixa Econômica Federal.
Além disso, a polícia também encontrou no local um recibo assinado por uma funcionária de Lúcio, uma mulher chamada Marinalva de Jesus. Por esse motivo, o caso que estava na Justiça Federal de Brasília acabou indo para o ministro do STF Edson Fachin.
Na semana passada, a PGR se manifestou por dividir a investigação em duas partes, mandando a Cui Bono de volta pra a Justiça Federal de Brasília. A PF não vê relação de Lúcio com fraudes no banco, do qual Geddel foi vice-presidente entre 2011 e 2013.
Além de impressões digitais do ex-ministro, a PF tentava identificar se havia algum fragmento do deputado nos montes de dinheiro.
Segundo a PF, o montante encontrado no apartamento em Salvador foi a maior apreensão de dinheiro em espécie da história. A polícia relacionou o “bunker” com corrupção do PMDB na Câmara.
A Polícia Federal e a PGR justificaram o pedido de busca e apreensão nos endereços ligados ao deputado por terem encontrado quatro indícios concretos de envolvimento de Lúcio com o “bunker”. Os pontos são:
O relatório com as novas impressões digitais encontradas no apartamento foi entregue ao Supremo no dia 26 de setembro. O laudo atesta que foram achadas digitais do dedo médio e do anelar da mão esquerda do secretário de Lúcio.
A decisão do ministro Edson Fachin foi concedida no dia 11 de outubro, na última quarta-feira.
A reportagem ligou para os telefones celulares de Lúcio Vieira Lima, mas não conseguiu falar com o deputado. Sua defesa não quis se manifestar, por ora. (Folhapress)