A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (27) uma operação que resultou na desarticulação de uma quadrilha especializada em tráfico de drogas sintéticas, considerada a maior quadrilha do Brasil com atuação nesse tipo de crime. 20 pessoas foram presas somente em Goiás, entre elas donos de laboratórios que fabricam medicamentos e ainda proprietários de farmácias.
Investigações
De acordo com o delegado chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal em Goiás, Bruno Gama, as investigações foram iniciadas em dezembro de 2013.
De lá pra cá todas as apreensões e prisões feitas pela Polícia Federal em Goiás relacionada a drogas fazem parte da Operação deflagrada nesta quinta, denominada Quinto Elemento.
Na ocasião foi realizada uma operação no Setor 3 Marias em Goiânia, em que foram encontrados 30 quilos de cocaína e uma quantidade significativa de Éter, composto químico usado para fabricação de vários tipos de entorpecentes.
Laboratórios de refino e distribuição
Durante o período de investigação foram encontrados sete laboratórios de refino de drogas em Goiânia e um em Luziânia.
Somente em um deles, 640 mil comprimidos de ecstasy foram encontrados. A polícia acredita que durante o período de apurações este laboratório teria comercializado no país mais de 12 milhões de comprimidos, o equivalente a R$ 240 milhões.
“Era considerada a maior do país pela quantidade de drogas encontradas num laboratório, 640 mil comprimidos e quase dois anos 12 milhões”, afirma Bruno Gama.
A droga era produzida em Goiânia e distribuída para diversos pontos do país. Os laboratórios eram mudados de lugar a cada 15 dias para não levantar suspeitas.
O grupo preso fabricava o chamado Ectasy do Paraguai, também usada como rebite para afastar o sono. A droga, apesar dos graves efeitos colaterais, é muito utilizada por motoristas de caminhão que querem se manter acordados para dirigir. Lança perfumes, entre outras drogas também eram fabricadas.
Laboratórios e farmácias
Segundo as investigações, os traficantes adquiriam produtos químicos em empresas para produzir diversos tipos de drogas, como anfetaminas e cocaínas. O superintendente regional da Polícia Federal em Goiás, Umberto Ramos Rodrigues afirma que o esquema tinha participação de laboratórios e farmácias. A venda dos entorpecentes era feita pela quadrilha, considerada extremamente organizada, em veículos de luxo.
Entre os participantes estavam donos de quatro laboratórios que fabricam remédios. Entre as irregularidades cometidas, vendas de éter e outros produtos químicos acima do que a lei permite. Eles realizavam o fracionamento de notas fiscais, burlando a fiscalização, já que a destinação era o tráfico de drogas.
Homens da Polícia Federal (PF), acompanhados de equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fizeram buscas em algumas farmácias de Goiânia, uma delas situada na Vila Regina. O delegado Umberto Rodrigues explicou que há envolvimento no esquema de venda ilegal de drogas.
Medicamentos controlados eram manipulados nos fundos do estabelecimento e vendidos sem receita. Os policiais fizeram apreensões no local e saíram da farmácia carregando caixas. Entorpecentes também foram localizados em alguns estabelecimentos.
Efetivo e mandados
Cerca de 400 policiais cumpriram 145 mandados judiciais, 30 dos quais de prisão temporária, 8 de prisão preventiva, 40 de condução coercitiva, 55 de busca e apreensão e 12 de sequestro de bens imóveis. Das 30 prisões, 20 somente em Goiás.
Foram cumpridos diversos mandados em outros estados: São Paulo, Paraná, Tocantins, Bahia, Minas Gerais e no Distrito Federal, onde a quadrilha também tem atuação.
Entre os bens do bando, consta um prédio residencial de 20 apartamentos de classe média e também imóveis rurais. Durante as investigações, foram flagrados oito laboratórios. Segundo a PF, em um deles a quantidade de drogas apreendida é maior que a recolhida durante todo o ano de 2015.
Todos os envolvidos foram indiciados por tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica e tráfico de produtos químicos para fabricação de drogas.