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PF criticou delatores ‘que não ajudam investigação’ em relatório de abril

Meses antes de virem à tona as discussões entre Polícia Federal e Ministério Público Federal sobre a qualidade das delações premiadas, o delegado Filipe Hille Pace, integrante da Operação Lava Jato em Curitiba, já criticava colaboradores que “em nada auxiliaram os trabalhos investigativos”.

“Pelo contrário, auxiliaram apenas na manutenção de investigação com pouquíssima perspectiva de resolução”, escreveu Pace, que ainda fez menção aos “inegáveis benefícios” dados no caso específico.

O comentário do delegado foi feito em abril deste ano, no relatório final de um inquérito instaurado em 2015 e que continua em andamento, “com pouquíssima perspectiva de resolução” -algo “temerário”, segundo Pace.

O documento foi divulgado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” nesta segunda (7) e obtido pela reportagem.

O objetivo do inquérito era apurar uma declaração do delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que afirmou em sua colaboração, três anos atrás, que o ex-ministro Antonio Palocci solicitou R$ 2 milhões em propina da estatal para a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2010.

Costa disse ter recebido o pedido por meio do doleiro Alberto Youssef, que nega veementemente e disse jamais ter feito a solicitação, tampouco o repasse.

A PF fez acareações entre os dois, ouviu outros delatores e suspeitos, fez diligências em hotéis e companhias aéreas para identificar pistas do suposto pagamento -mas não encontrou nada.

“É temerário que inquérito policial tenha tramitado por quase dois anos em função de três versões de fatos diferentes apresentadas por três criminosos que celebraram acordo de colaboração premiada com a PGR e que a partir disso obtiveram inegáveis benefícios”, escreveu Pace, no relatório final.

O inquérito, porém, continua em aberto. Palocci, também investigado na Lava Jato, nega que tenha feito a solicitação. Os dois delatores mantêm sua versão.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que as críticas da PF decorrem de “uma disputa de poder”, e que os policiais só atacam acordos dos quais não participam.

Queda de braço

Pace, que conduz parte das investigações da Lava Jato em Curitiba, já trocou outras farpas com os procuradores.

Recentemente, ao receber pedido para abertura de inquérito sobre o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, preso na última fase da Lava Jato, criticou a falta de comunicação sobre o caso à PF.

“Esta Autoridade Policial soube da existência da requisição ministerial [para a investigação de Bendine] por veículos de comunicação, ou seja, antes mesmo de a referida determinação ser formalmente encaminhada para instauração”, escreveu o delegado, para quem a prática “esgota a eficácia plena” do inquérito.

Ele ainda fez referência aos PICs (Procedimentos Investigatórios Criminais) conduzidos pelo MPF -instrumento que “não [está] previsto em qualquer lei ordinária”, segundo o delegado.

Pace, na ocasião, pedia que os procuradores indicassem com mais precisão que tipo de diligências gostariam que a PF fizesse, já que o Ministério Público já havia obtido a quebra dos sigilos telemático, telefônico, bancário e fiscal dos investigados.

“Não há necessidade, na ótica da Polícia Federal, de instauração de inquérito apenas para a colheita de esclarecimentos junto aos investigados”, afirmou o delegado.

Apesar de presidir o inquérito, o delegado optou por não acompanhar o depoimento dos investigados após a prisão -o que é de praxe na Lava Jato. Mesmo custodiados na PF, eles foram ouvidos tão somente pelo procurador da República Athayde Ribeiro Costa.

Na deflagração da operação, a PF negou mal-estar com o Ministério Público e informou que o trabalho de ambos é “conjunto”. (Folhapress)

 

Thais Dutra

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