Mesmo depois do pedido de arquivamento da investigação contra o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa voltou a afirmar que o peemedebista estava numa reunião em que houve pedido de propina pelo seu antecessor, Sérgio Cabral (PMDB).
“Foi no Palácio Guanabara. Estavam ele [Cabral], o secretário Wilson Carlos e o vice Pezão”, declarou o ex-diretor nesta sexta (10), em depoimento na Justiça Federal do Paraná.
Na ocasião, segundo o delator, Cabral solicitou o repasse de R$ 30 milhões para sua campanha à reeleição, em 2010, por empresas fornecedoras da Petrobras. O dinheiro veio do sobrepreço de contratos da estatal.
Pezão concorreu na chapa como vice.
O atual governador nega as suspeitas, diz que jamais esteve com Paulo Roberto Costa para tratar de doação de campanha e que não participou de nenhuma reunião com objetivos ilícitos.
Segundo ele, tudo o que fez foi pedir a empresas contribuições oficiais para a campanha.
Na manifestação que pediu o arquivamento das investigações contra Pezão, a PGR (Procuradoria-Geral da República) diz que não há indícios que incriminem o governador.
“Há em relação a ele apenas a indicação inicial feita por Paulo Roberto Costa de [que] se fazia presente na reunião convocada por Sérgio Cabral para solicitar o encaminhamento de percentual recolhido para fornecedores da Petrobras para a campanha eleitoral daquele ano”, diz o vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada.
Costa prestou depoimento nesta sexta-feira (10), como testemunha de acusação na ação que Cabral responde na Justiça Federal do Paraná.
O ex-governador, preso pela Operação Lava Jato, é acusado de ter recebido R$ 2,7 milhões em propina pelo contrato de terraplanagem do Comperj, obra da Petrobras.
Segundo o Ministério Público, os valores foram usados na compra de artigos de alto valor, como roupas de grife, móveis de luxo e blindagem de automóveis. O dinheiro pagou até vestidos de festa da ex-primeira-dama.
Na audiência desta sexta, Costa voltou a afirmar que autorizou o repasse dos valores a Cabral pela Andrade Gutierrez, que era fornecedora da Petrobras e responsável pela terraplanagem do Comperj.
Em petição à Justiça, a defesa de Cabral argumentou que a denúncia não descreve suficientemente quais condutas teriam sido praticadas pelo ex-governador.
Em depoimento recente à polícia, o peemedebista disse que as acusações contra si são “uma mentira absurda” feita para “salvar delações”, e negou qualquer tipo de envolvimento na cobrança de propina. (Folhapress)