O presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou nesta segunda-feira (5) que a petroleira iniciou estudos para adesão ao nível 2 de listagem de ações na Bolsa, que tem regras de governança mais rígidas.
O anúncio foi feito durante evento para investidores realizado na B3, controladora da Bolsa de Valores brasileira. Parente afirmou ainda que a empresa protocolou na sexta-feira (2) pedido para adesão ao sistema de governança de estatais da B3.
Segundo ele, é a primeira estatal a manifestar interesse em participar do sistema. “Enfrentamos a crise ética da [operação] Lava Jato. Fizemos uma chamada para melhorar nossa governança, criamos mecanismos para nos adequarmos ao mercado e para o controle da corrupção”, afirmou.
Parente ressaltou ainda que a adesão aos dois programas da B3 cria barreiras para “eventuais práticas que possam vir a ser tentadas no futuro que coloquem em risco a independência da empresa.”
“Pretendemos fazer com que a gestão da empresa seja bem-sucedida em mostrar que o funcionamento da governança conforme está estabelecida é a que melhor atende a seus investidores para que as coisas que aconteceram no passado não aconteçam no futuro”, reforçou.
Parente diz que a estatal trabalhou mais de um ano para se candidatar ao programa de governança da B3. “Temos que estudar possíveis repercussões ou medidas precisaríamos fazer para que a gente possa alcançar a possibilidade de passar para o nível 2 no Novo Mercado, mas vamos trabalhar nessa direção”, ressalta.
Ele diz esperar que o selo de governança da B3 traga benefícios de imagem, mas também ajude a reduzir o custo de captação da empresa. Em maio, a estatal captou US$ 4 bilhões no mercado internacional, por meio da emissão de títulos da dívida.
O nível 2 de negociação exige ao menos 25% de ações em livre circulação no mercado, e o presidente do conselho não pode acumular este cargo com o de principal executivo da companhia, entre outros requisitos.
Já para aderir ao Programa Destaque em Governança de Estatais as empresas precisam ter um mínimo de 30% de membros independentes no conselho de administração, além de diretrizes sobre sua composição, bem como a da diretoria e a do conselho Fiscal.
Parente também defendeu a política de reajuste de preços adotada pela empresa desde outubro do ano passado, mas indicou que a frequência dos reajustes pode não ser a mais adequada.
Em outubro de 2016, a estatal anunciou a criação do grupo executivo de mercado e preços, que se reuniria uma vez por mês para avaliar o cenário para o petróleo e decidir sobre os preços de combustíveis.
A intenção era manter uma paridade com o mercado internacional e garantir uma margem para a empresa. Segundo Parente, apesar de a periodicidade ter melhorado a “capacidade de reação da Petrobras, talvez não seja a ideal para um mercado em que as condições mudam todos os dias.”
Ele confirmou que a estatal atua com uma margem em relação à paridade internacional, mas não quis especificar de quanto é essa diferença.
Em resposta a uma eventual influência do Planalto após as eleições de 2018 na política de preços a estatal, o presidente da Petrobras ressaltou que a liberdade na definição dos reajustes é essencial para que consiga alcançar os resultados pretendidos.
“Essa é uma das mais relevantes discussões no âmbito desse processo e tão logo a gente tenha um modelo definido, esperamos ter uma resposta adequada e que traga a visão de que realmente essa questão foi adequadamente endereçada”, diz. (Folhapress)