O Dia da Mulher é comemorado na próxima quarta-feira, dia 8 de março, e além de todas as homenagens que elas merecem é importante reforçar, principalmente, que a data foi criada para reforçar a luta por melhores condições de vida e trabalho delas. E essas questões, ou a falta delas, atuais até os dias de hoje, refletem, até mesmo, na saúde feminina, fazendo com que as mulheres acabem sofrendo mais consequências.
Pesquisas mostram, por exemplo, que o fato das mulheres experimentarem mais estresse relacionado ao gênero, por conta da discriminação no trabalho, violência doméstica e assédio sexual, acabam gerando ou aumento níveis de ansiedade, de insônia e até de ganho de peso. Além disso, mulheres tendem a procurar ajuda com mais frequência, sendo assim, diagnosticadas com mais frequência do que homens.
Quem explica é o médico nutrólogo e intensivista, José Israel Sanchez Robles. “As questões sociais que atingem as mulheres, juntamente com as alterações hormonais relacionadas ao período menstrual, gravidez ou menopausa, podem afetar negativamente a saúde feminina”, diz o especialista..
“A ansiedade é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e estudos sugerem que as mulheres estão mais propensas a desenvolver esta condição, que pode se manifestar através de preocupações constantes, cansaço, sensação de falta de ar, medo excessivo, ataques de pânico e dificuldade em relaxar ou dormir”, explica José Israel, completando que é importante a procura pelo tratamento: “Existem muitos tratamentos eficazes disponíveis para ajudar a gerenciar a ansiedade, como terapia comportamental, medicamentosa e práticas de autocuidado, como meditação, prática de exercícios físicos e de alimentação saudável”.
De acordo com uma pesquisa feita pelo psicólogo Daniel Freeman, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, as mulheres têm 40% mais chances do que os homens de sofrer algum transtorno mental. O estudo foi feito a partir da análise de 12 pesquisas epidemiológicas de larga escala realizadas na Europa, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia.
José Israel, por sua vez, ressalta que a ansiedade não é uma fraqueza pessoal. “Não há nada de errado em pedir ajuda. Se você está enfrentando ansiedade, é extremamente importante procurar um profissional de saúde mental para orientação e tratamento”.
Em relação à insônia em mulheres, o médico lembra que este tipo de distúrbio do sono é caracterizado por dificuldades para dormir, manter o sono ou acordar muito cedo pela manhã. “Os hormônios femininos desempenham um papel importante na regulação do sono, porém, durante o climatério em especial, as mulheres experimentam flutuações hormonais significativas, o que pode comprometer o sono restaurador”.
Além disso, as mulheres tendem a experienciar a insônia de forma diferente, apresentando mais de um sintoma (como ansiedade, depressão ou irritabilidade)..Uma pesquisa realizada pela National Sleep Foundation, publicada em abril de 2022, mostrou que quase 70% das entrevistadas alegaram ter tido problemas para dormir durante algumas noites no decorrer do mês anterior à pesquisa, uma taxa bem significativa.
O estresse também é outro fator que pode atrapalhar o sono. Mais propensas a preocupações relacionadas a relacionamentos, trabalho, dinheiro e família, muitas mulheres são sobrecarregadas com responsabilidades múltiplas que contam para a insônia.
“Por isso, criar uma rotina do sono, fazer exercícios físicos regularmente, limitar o consumo de bebidas estimulantes como álcool e a cafeína, evitar uso de telas especialmente antes de dormir ajudam na capacidade de adormecer e permanecer dormindo durante a noite. Embora a insônia possa ser frustrante e difícil de lidar, existem muitas opções disponíveis para ajudar a melhorar a qualidade do sono”, pontua o médico.
Por fim, os dois fatores: insônia e ansiedade, com seus sintomas e causas, podem desencadear, claro, no ganho de peso, e a obesidade é uma condição de saúde que afeta muitas mulheres em todo o mundo e considerada há muito tempo uma questão de saúde pública significativa. “O ganho de peso está associado a um risco aumentado de várias doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, derrames cerebrais e alguns tipos de câncer. Além disso, a obesidade pode afetar a qualidade de vida das mulheres, diminuindo a autoestima e a capacidade de realizar atividades diárias”, conta José Israel.
O médico, porém, lembra que há vários fatores que contribuem para a obesidade feminina. “Desde a genética, a alimentação, o estilo de vida sedentário até, como dito antes, o estresse e a ansiedade. Além disso, estudos mostram que a obesidade feminina pode ser influenciada por fatores hormonais, como a menopausa e o uso de contraceptivos hormonais”.
O Dr. José Israel reforça, no entanto, que para tratar a obesidade feminina, é importante adotar um estilo de vida saudável que inclua uma dieta equilibrada e atividade física regular. “A dieta deve incluir alimentos ricos em nutrientes, como frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis. É importante limitar o consumo de alimentos processados, açúcar e gorduras saturadas”.
“Além da dieta, a atividade física regular é crucial para a perda de peso e a manutenção do estilo de vida saudável. As mulheres devem se esforçar para realizar pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física moderada intensidade por semana. Com isso, poderão comemorar melhor e com mais saúde o Dia da Mulher a cada ano que se passar”, completa o especialista.