Pesquisadores que foram citados como colaboradores do plano nacional de vacinação contra covid-19, elaborado pelo Ministério da Saúde, disseram que não tiveram acesso ao documento. O plano foi divulgado neste sábado (12/12) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowiki, que recebeu da Advocacia Geral da União (AGU).
Em nota assinada por 36 pesquisadores, e divulgada à imprensa, o grupo técnico do “Eixo Epidemiológico do Plano Operacional Vacinação Covid-19” se disse surpreendido com o documento.
“Importante destacar que o grupo técnico havia solicitado reunião e manifestado preocupação pela retirada de grupos prioritários e pela não inclusão de todas as vacinas disponíveis que se mostrarem seguras e eficazes”, diz o texto divulgado pela Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).
Ainda por nota, o grupo questiona também as prioridades estabelecidas pelo plano do governo.
“Reiteramos nossa recomendação técnica para que todas populações vulneráveis sejam incluídas na prioridade de vacinação, como indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas, privados de liberdade e pessoas com deficiência”, diz o texto.
Pelas redes sociais e também em entrevista à GloboNews, a enfermeira e epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), informou que teve conhecimento do plano pela mídia.
“A gente nunca viu nenhuma versão desse documento. Tivemos várias apresentações reuniões junto com o PNI [Plano Nacional de Imunização]. Se ele fosse um interno, já seria problemático ter os nomes sem nossa anuência. Nossa mais alta corte [STF] tem um documento que consta o nome de diversas pessoas que elaboraram e você nem teve acesso a esse documento”, revelou a professora.
A professora Maciel disse também que é “constrangedor” ter os nomes de pessoas lá sem que essas pessoas tenham tido acesso ao plano.
“Tem vários colegas analisando o plano e o fato de o nosso nome estar lá sem você ter concordado com isso é constrangedor. Não estamos trabalhando para esse governo, estamos trabalhando para a sociedade”, confirmou.
O plano foi divulgado neste sábado e prevê a vacinação no país no primeiro semestre de 2021 com 108 milhões de doses das vacinas.