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Notícias do Estado
| Em 10 meses atrás

Pesquisa UFG detecta ovos de Aedes aegypti já infectados com vírus da zika e chikungunya

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Uma pesquisa feita por especialistas do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Agentes (Re)emergentes e do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG) detectaram ovos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, já contaminados com os vírus das doenças. Em observação das larvas que eclodiram, os cientistas confirmaram que houve a chamada transmissão vertical, quando os mosquitos adultos transmitem os vírus diretamente para os ovos, sem a necessidade de picar um humano contaminado para se tornar infectado.

No ciclo normal, o mosquito precisa picar uma pessoa que esteja contaminada com o vírus, para assim, se infectar e repassá-lo para outras pessoas picadas. Com a transmissão vertical, os mosquitos formados a partir das larvas que eclodem contaminadas, já crescem capazes de contaminar os humanos sem a necessidade de picar uma pessoa infectada antes.

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A pesquisa

A descoberta foi descrita em um artigo publicado na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, nesta sexta-feira (23). No estudo, os pesquisadores examinaram 1.570 ovos do mosquito Aedes coletados de sete regiões de Goiânia e os cultivaram em laboratório até eclosão das larvas, separando em 157 reservatórios com dez indivíduos cada. Depois da eclosão, foi realizado um exame molecular chamado PCR, que detecta o material genético do vírus, para identificar a presença do vírus da dengue, zika e chikungunya nas larvas.

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Dos 157 reservatórios analisados, dois testaram positivo para presença dos vírus chikungunya e um reservatório para zika vírus, ou seja, 20 indivíduos já eclodiram dos ovos contaminados. Os cientistas também separaram as larvas por sexo, levando em conta que a transmissão dos vírus para os seres humanos ocorre somente pela picada dos mosquitos fêmeas durante o período reprodutivo.

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A pesquisa constatou que a transmissão vertical aumenta o potencial de transmissão da doença, representando um risco para a saúde pública. Apesar de ser um mecanismo considerado natural, o seu impacto no aumento dos casos das doenças transmitidas pelo mosquito ainda não foram estudadas, sendo incerto.

O estudo foi realizado em 2021. À época, Goiânia havia registrado 141 casos notificados de chikungunya, sendo 106 confirmados e nenhuma morte, e um caso de zika. De acordo com os pesquisadores, os vírus podem ficar incubados nos ovos por tempo ainda indeterminado, e os ovos em si podem durar mais de um ano. Para os cientistas, o método mais eficaz de controle da doença ainda é o combate aos criadouros do mosquito transmissor.

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Luana Cardoso

Atualmente atua como repórter de cidades, política e cultura. Editora da coluna Crônicas do Diário. Jornalista formada pela FIC/UFG, Bióloga graduada pelo ICB/UFG, escritora, cronista e curiosa. Estagiou no Diário de Goiás de 2022 a 2024.