O influenciador digital e fotógrafo goiano Raphael Souza, responsável pelo perfil Choquei, com mais de 20 milhões de seguidores, vai ser investigado pela publicação de prints falsos. As informações difamatórias seriam a motivação principal para a morte da jovem estudante Jéssica Vitória Canedo (22), em Araguari (MG), onde a Polícia Civil investiga o caso.
A reportagem do Diário de Goiás enviou mensagem para Raphael através perfil Choquei nesta segunda-feira (25). Entretanto, o sistema informou que a conta não poderia receber a mensagem porque não aceita novas solicitações de contato. O Choquei parou de realizar postagens depois da publicação de uma nota da defesa.
A estudante Jéssica tinha histórico de depressão e ficou muito abalada com fake news publicadas pelo perfil. Conforme as apurações iniciais, o Choquei criou e divulgou um relacionamento inexistente entre ela e o humorista Whindersson Nunes, também vítima da difamação.
Jéssica foi encontrada morta na sexta-feira (22), após a repercussão ruim do caso que gerou um “efeito manada” de ataques e ofensas contra a estudante.
Raphael, por meio da advogada e ex-BBB Adélia Soares, chegou a divulgar nota se isentando do ocorrido e atribuindo a publicação “ao exercício do direito à informação”. No perfil ele negou “qualquer irregularidade na divulgação das informações” e afirmou que “não há responsabilidade a ser imputada pelos atos praticados”.
Com isso, foram ignorados os apelos da jovem para a suspensão e remoção das publicações por serem informações mentirosas. Na sequência, Adélia divulgou pelas redes sociais que não seguiria na defesa de Raphael.
Além de Jéssica, Whindersson e até a mãe da jovem tinham vindo a público repudiar as fake news. A reação do influenciador goiano, no entanto, foi de ironia em relação aos protestos de Jéssica divulgados em textos postados, onde ela detalhava as graves consequências que estava sofrendo.
“Avisa pra ela que a redação do Enem já passou. Pelo amor de Deus!”, foi a resposta de Raphael dada através de um post que teve grande repercussão negativa.
No sábado, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, citou o episódio da jovem para defender a responsabilização de quem propaga conteúdos falsos e também das empresas responsáveis pelas redes sociais. “A regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório”, afirmou o ministro.
Também a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, manifestou contrariedade. Ela disse que a morte da estudante é “fruto da irresponsabilidade de perfis nas redes sociais que lucram com a misoginia e disseminação de mentiras e, igualmente, da falta de responsabilização das plataformas”.
Cida Gonçalves considerou inadmissível que o conteúdo mentiroso contra Jéssica, que fez crescer uma campanha de difamação contra a jovem, não tenha sido retirado do ar nem pelo dono da página, nem pela plataforma X ao longo de quase uma semana, “mesmo depois dos apelos da própria Jéssica e de sua mãe”, reforçou.