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“Perda que gera revolta”, “mais que um patrão”, “apaixonado por jornalismo”; colegas dão adeus à Carlos Bueno

Por 3 anos atrás

A morte precoce do diretor financeiro e comercial do Diário de Goiás, Carlos Bueno de Moraes aos 48 anos, por covid-19, nesta terça-feira (15/06) gera não apenas tristeza, como também revolta. Além de apaixonado por jornalismo, Bueno era visto pelos colegas como uma pessoa tranquila e engajada, que não abria mão de seus posicionamentos mas a estendia quando necessário.

Deixou amigos por onde passou. No jornalismo, seja na 730 como diretor (atual Sagres) ou no Diário de Goiás, abriu portas para muitos profissionais. Foi o caso do apresentador e jornalista que trabalha no sistema Sagres, Vinicius Tondolo. “Que notícia triste! O Bueno foi o responsável pelo meu contrato profissional na área de comunicação. Depois do meu período de estágio e dos pedidos do Charlie, ele acreditou em mim e me deu uma chance na Rádio 730. Tenho imensa gratidão e carregarei este sentimento por todas as vidas. #DescanseEmPaz”, destacou o profissional por meio do Instagram.

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Perda que gera revolta

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Por quatro anos, Laura Braga trabalhou no Diário de Goiás com Carlos. A jornalista que hoje atua no Portal Metrópoles também lembra com carinho do ex-chefe. Mais que um patrão, Bueno acabou se tornando um amigo. A terça, cinzenta. Para a repórter, a perda gera revolta.

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“Trabalhar com o Carlos Bueno sempre foi uma grande alegria. Ele era uma pessoa muito receptiva, que tornava a empresa quase uma segunda casa, sem contar, o quanto ele gostava de agradar os funcionários, um pão de queijo aqui, bolinho com cobertura, convites para uma cervejinha e confraternização. Ele sempre soube respeitar e unir pessoas. Carlos e Altair me deram a minha primeira oportunidade de emprego no jornalismo e isso foi fundamental para a minha carreira. Fiquei no Diário de Goiás por quatro anos e, mesmo em momentos difíceis, era uma felicidade acordar cedo e saber que encontraria a alegria dele no local de trabalho. A perda dele me gera grande revolta. Carlos amava a vida, os amigos, os pés de Toddy. E a doença que o levou, já tem vacina, mas ele não teve sequer a chance da imunização. É um soco no estômago ter que lidar com isso. Fará muita falta a todos que conviveram com esse cara sensacional e tão parceiro”, destacou em mensagem enviada à reportagem.


O contato profissional acabou se tornando amizade para o jornalista Charlie Pereira que atua na Sagres 730 e é colunista do Diário de Goiás. Ambos se conheciam e trabalhavam juntos há mais de 20 anos. “”Perdi uma pessoa com quem trabalhei durante vinte anos. Um período em que a relação patrão/funcionário era menor do que nossa convivência de amizade e respeito. Bueno foi um profissional que mudou a Rádio 730 e que depois investiu em um novo projeto (DG), que virou um dos portais mais acessados no Brasil. Carlos era amigo. Pai, filho e esposo amoroso. Difícil dizer o que estou sentindo”.

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“Cadê você, Azeite?”

Bueno saiu da 730 para junto com Altair Tavares e Vassil de Oliveira, construírem este portal – o Diário de Goiás. O trio consolidou amizade e planos profissionais. Tavares apresentava o programa na Rádio Bandeirantes Goiânia quando recebeu a notícia. 

“Carlos estava internado desde o final de semana atrasada de covid-19 no Crer. Ele é meu amigo, há muitos anos. Meu sócio no Diário de Goiás e Lígia [esposa de Carlos] acaba de me ligar informando que ele se foi”, disse ainda no ar. “A dor e a indignação são imensas. Infelizmente, é um momento de profunda tristeza”.

Vassil foi às redes sociais escrever para o amigo. Ambos acostumavam a se encontrar numa cafeteria na cidade. “Que vazio imenso não poder ter mais o papo, a convivência, ver a alegria e sentir a energia altiva do meu amigo, companheiro, irmão Carlos Bueno”, narrou. “Quem vai me ligar dizendo “cadê você, Azeite?” Pancada… Deus o tenha. Deus abençoe @ligiacmo , os filhos, a família, a Silvânia e a Gameleira que ele tanto amava. Meu coração dói”.

“Mais que um patrão”

Hoje na Sagres, mas com muitos anos dedicados ao Diário de Goiás, o repórter Samuel Straioto também tem boas lembranças com relação a Carlos a quem garante que além de chefe, foi um incentivador. 

“Carlos foi mais do que um patrão, um chefe. Perdi um amigo, perdi um conselheiro, um incentivador. Meu ajudou nos primeiros passos na carreira e em alguns momentos difíceis da vida também. Sou muito grato a ele. A dor é imensa. Vou sentir falta das ligações, das boas risadas, dos sonhos compartilhados. Que Deus console o coração da Lígia, dos filhos familiares e de todos nós seus amigos”

Colega dos bastidores do jornalismo e amigo pessoal de Bueno, Leandro Coutinho em mensagem encaminhada à reportagem, destaca a “paixão pelo jornalismo” de Carlos e dono do “melhor churrasco do mundo”.

“Bueno era um grande jornalista, que por vezes chegou a se colocar em risco para levar ao ar denúncias de grande interesse público. Era movido pela paixão pelo jornalismo, mas muito mais pelo humanismo elevado à máxima potência. Carlos era vida pura, transbordava gentileza, acolhimento e generosidade. Tornou-se autor do melhor churrasco do mundo por puro rigor na excelência em servir. Amoroso em todas as suas faces: amigo, colega, filho, pai e marido. Somente os anjos que agora o acolhem podem retribuir toda a luz que Bueno partilhou em vida. Será recebido do outro lado sob aplausos, abraços calorosos e cânticos celestes”.

Sem Bueno, “nenhum café com amigos voltará a ter o mesmo gosto”

Editor do site Poder 360, o jornalista Eduardo Horácio destacou a amizade de quase uma década com Carlos Bueno ao noticiar a morte do empresário.

“Conheci Carlos Bueno em 2002, quando ele ainda trabalhava na então Rádio K do Brasil, junto com Jorge Kajuru. A partir de 2010, trabalhamos juntos na então Rádio 730, eu como comentarista, ele como diretor-presidente. A partir dali, eu, Bueno (como vários amigos gostavam de chamá-lo) e dezenas de jornalistas nos encontrávamos diariamente no início da manhã e/ou no início da noite em um conhecido café da cidade. A amizade se estreitou. Só paramos de nos ver quando a pandemia chegou, em março de 2020. Sem ele, nenhum café com amigos voltará a ter o mesmo gosto. 

Em 2011, eu, Bueno e outros dois jornalistas, além dos proprietários da Rádio 730, fomos processados pelo então governador Marconi Perillo (PSDB). O motivo do processo contra mim era por ter dito, no ar, que “era muita coincidência as novas cores do autódromo de Goiânia serem as mesmas do PSDB”. Carlos Bueno cuidou de toda a parte legal e burocrática. Vencemos em todas as instâncias.

Carlos Bueno também foi um dos fundadores, ao lado de Altair Tavares e Vassil Oliveira, do Diário de Goiás, em abril de 2012, tendo sido seu diretor comercial. Durante a Operação Monte Carlo, em 2012, o site rapidamente cresceu e virou referência como principal veículo de comunicação da época em Goiás.”

Políticos publicaram notas de pesar

Tão logo a notícia da morte de Carlos Bueno foi publicizada, o governador Ronaldo Caiado (DEM), o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) e o ex-deputado federal Daniel Vilela (MDB) divulgaram notas de condolências.

“Lamento profundamente a morte de Carlos Bueno de Moraes, que lutou bravamente contra a Covid-19 nas últimas semanas. A imprensa goianiense perde um de seus atores. Toda minha solidariedade a esposa, Lígia Bueno, e aos três filhos pela perda. Que Deus console familiares e amigos”, publicou o republicano no Twitter.

Em nota encaminhada à imprensa, o governador Ronaldo Caiado (DEM) também manifestou condolências. “Foi com imenso pesar que eu e minha esposa, Gracinha Caiado, recebemos a notícia da morte do jornalista e empresário Carlos Bueno de Moraes, aos 48 anos, ocorrida nesta terça-feira (15/06) em Goiânia, em decorrência de complicações da Covid-19.”

Daniel Vilela destacou a educação e o bom humor de Carlos em sua postagem e rememorou que há aproximadamente um mês, haviam se encontrado. “Estava muito bem, esbanjando saúde”.

“Carlos Bueno tinha algumas características marcantes: educado, sempre bem-humorado e apaixonado por política e seus bastidores. Ao fundar o portal de notícias @diariodegoias, dedicou-se com mais afinco ao jornalismo e às notícias em tempo real e às transmissões ao vivo.

Nesta terça-feira, infelizmente, Carlos torna-se notícia ao ser vitimado pela Covid-19. Essa doença é muito perigosa. No mês passado havíamos nos encontrado no escritório de um amigo em comum e ele estava muito bem, esbanjando saúde. Lamento muito sua partida e me solidarizo com seus colegas de profissão, com sua família e seus amigos. Que Deus ampare a todos.

O vice governador Lincoln Tejota também se manifestou em uma rede social. “Meus sentimentos à família e amigos do empresário e jornalista Carlos Bueno de Moraes que faleceu hoje por decorrência da Covid-19. Bueno era diretor do Diário de Goiás e atuou na Rádio 730. Que Deus possa confortar os corações de sua esposa, Lígia Bueno e de seus filhos.”

A covid-19 mata

Internado em estado gravíssimo desde o dia 5 de junho no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (CRER-GO), o diretor financeiro e comercial do Diário de Goiás, Carlos Bueno de Moraes não resistiu às complicações da Covid-19 e veio à óbito na manhã desta terça-feira (15/06).

Carlos lutou bravamente contra a Covid-19, mas acabou se tornando uma das mais de 486 mil vítimas de uma doença que anda dizimando famílias. Foi internado inicialmente no Hospital de Campanha de Goiânia (Hcamp) no dia 2 de junho. Com o agravamento do quadro foi transferido para o CRER e na sequência acabou sendo submetido à intubação. Ele deixa a esposa, Lígia Bueno, e três filhos, além de amigos e colegas de trabalho com corações desolados. 

Bacharel em economia, Bueno participou da construção da história do Diário de Goiás, além de ter passado pela diretoria da Rádio 730 entre 1999 e 2012. Neste momento, o DG está enlutado e deseja forças para os familiares e amigos.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.