SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O peão tenta se equilibrar em cima do boi inquieto, enquanto a multidão vibra -parte pelo homem, parte pelo animal. A narração e os comentários ficam por conta de Paulinho Pena Branca com seus erres puxados e palavras alongadas. Às vezes até uma reza ou uma história ganhavam lugar nas suas locuções.
Foi assim, de rodeio em rodeio, que o jovem criado na pequena Auriflama, no interior paulista, conheceu quase todo o Brasil. Contabilizava com orgulho 23 estados percorridos em quase três décadas de carreira. “Ele só não fez rodeio no Amazonas, Acre e Bahia”, conta o filho Bruno.
Rodeio, porém, não era um dos sonhos que Paulinho cultivava na pouca idade. O caçula de nove irmãos queria mesmo era ser músico, principalmente depois de ganhar um violão do pai. Aprendeu a tocar sozinho e começou a se apresentar num circo que passava vez ou outra pela cidade. O som ecoava da caixa de som no mastro da tenda.
Também arriscou no sertanejo, formando a dupla Odair e Adiel com um amigo -ele como Adiel. Lançaram um disco e ganharam festivais da região até Odair decidir parar para casar. O companheiro não aceitou muito bem e se afastou do violão por anos.
Foi longe dos acordes que Paulinho chegou aos rodeios. Brincava de narrar jogos de futebol entre uma entrega e outra que fazia num supermercado local, o que chamou a atenção dos amigos. Arriscou e se apaixonou. A pena branca que levava no chapéu sumiu com o tempo, mas os rodeios continuaram até o fim.
Morreu dia 18, aos 58, após uma inflamação na coluna. Deixa mulher, filhos e netos.