Publicidade
Categorias: Brasil
| Em 8 anos atrás

Pedestre não é prioridade em políticas de trânsito, dizem especialistas

Compartilhar

Publicidade

Os pedestres são as maiores vítimas de acidentes de trânsito. Porém, eles não são vistos como prioridade durante a elaboração de políticas públicas, focadas excessivamente nos motoristas de veículos.

Publicidade

A conclusão é de especialistas que participaram do fórum “Segurança no Trânsito” na manhã desta segunda-feira (29). O debate foi promovido pela Folha de S.Paulo em parceria com a Ambev e com a Labet.

Publicidade

Os acidentes de trânsito vitimam 1,2 milhão de pessoas por ano e são a nona causa de mortes do mundo, segundo a OMS. Na cidade de São Paulo, o número de mortes por atropelamento nos meses de fevereiro a abril aumentou em 37% este ano, passando de 86 mortes para 118.

Para o vereador Police Neto (PSD-SP), as medidas que poderiam ser adotadas pelo poder público são simples e possuem grande potencial de redução de vítimas. Uma delas é melhora da iluminação em locais de travessia nas vias.

Publicidade

“Se olharmos as estatísticas de mortos no trânsito, há 40% mais mortos no pico noturno em comparação com o pico da manhã. É a mesma quantidade de pessoas, de carros, de pedestres. Estatisticamente, deveríamos ter o mesmo número de mortos”, concordou Sérgio Ejzenberg, consultor de engenharia de tráfego.

Outro ponto colocado como essencial para a redução do número de vítimas é o aumento do tempo de travessia em semáforos. O vereador citou um estudo feito em 2016 pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) que apontava que 97,8% dos semáforos na cidade de São Paulo não ofereciam condições de travessia segura para o pedestre.

“Para que serve esse semáforo? Só para que dois carros não colidam?”, questionou Neto.

Financiamento

O Estatuto do Pedestre, proposta do vereador que visa colocar o pedestre como foco na política de mobilidade urbana, deveria ter sido votado na Câmara de São Paulo no dia 17 de março. A votação foi adiada devido à falta de quórum.

“Está para ser votado há um ano. Não foi porque toca em uma questão central: financiamento”. Ele afirma que, apesar de um terço dos deslocamentos pela cidade ser feito a pé, os investimentos para melhorar calçadas e sinalizações para pedestre representam apenas 1/14 do investimento total no trânsito da cidade de São Paulo.

“Temos um sistema bastante eficaz de sinalização para motoristas, mas o pedestre é invisível”, disse.

Responsabilidade

O deputado federal Hugo Leal (PSB-RJ), autor do projeto da Lei Seca, propõe um sistema de metas de redução de acidentes com previsão de punição para municípios que não as cumprirem.

“Assim como a Lei de Responsabilidade Fiscal pune o político que descumpre o teto de gasto com funcionários, os agentes públicos têm que ser punidos pela falta de medidas para impedir acidentes.”, disse.

“É impressionante como convivemos com estradas em que as pessoas falam: aqui é a curva da morte. Sabe-se que o trecho mata pessoas e não se faz absolutamente nada. E não é responsabilidade de ninguém?”, disse.

Responsabilizar o motorista causador de acidentes pelo aumento da punição legal foi o ponto defendido por Nilton Gurman, idealizador do movimento “Não foi acidente”.

Nilton é tio de Vitor Gurman, morto em um atropelamento na Vila Mariana em 2011.

“O público se identifica e vê essas pessoas como ‘bons cidadãos’ que cometeram um erro. Naquele dia em que uma pessoa bebeu e andou acima da velocidade, ela cometeu um crime e precisa ser punida. Assim vamos mudar a sociedade e nossos valores”, disse. (Folhapress)

 

Publicidade