MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Cartógrafos tiveram algum trabalho durante os últimos dez anos, nas Ilhas Baleares.
A capital dessa região espanhola, localizada no mar Mediterrâneo, mudou de nome três vezes nesse período. A cidade chamava-se Palma de Maiorca, passou a ser apenas Palma e depois recuperou o “de Maiorca”. Nesta semana, o Parlamento regional decidiu que o nome oficial é, outra vez, só Palma.
Esse vaivém está relacionado a visões opostas do território e passou a representar, ali, uma disputa política entre a direita e a esquerda.
O governista PP (Partido Popular), de centro-direita, defende o uso do nome completo: Palma de Maiorca. O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), de oposição, prefere só Palma.
A cidade, fundada pelos romanos no século 2, surgiu de fato apenas como Palma, explica à reportagem Llorenç Carrio. Carrio é o responsável na prefeitura pelos assuntos de cultura e política linguística.
“A partir dos séculos 19 e 20, sobretudo durante a ditadura, ela passou a chamar-se Palma de Maiorca para evitar confusões”, diz. A cidade está na ilha de Maiorca, de onde vem esse complemento.
Carrio se refere à ditadura espanhola de Francisco Franco, entre 1939 e 1975.
Com o “sobrenome”, a capital balear se distinguia de outros lugares com o mesmo nome, como La Palma, localizada nas Ilhas Canárias. “Mas, para quem vive aqui, o nome tradicional sempre foi apenas Palma.” Dessa maneira, as recentes mudanças de nome também foram entendidas como um conflito entre uma visão centralizadora do Estado e uma abordagem com mais enfoque nos regionalismos.
Esse é um embate constante na Espanha, que enfrenta movimentos separatistas no País Basco e na Catalunha. A Catalunha tem tentado separar-se do país, nos últimos anos, sem sucesso.
Ao jornal espanhol “El País” o linguista Gabriel Bibiloni afirmou que o nome Palma de Maiorca “responde à dinâmica de um Estado centralista” e que a decisão dos moradores -que usam apenas Palma- deve ser respeitada pelos governos.
Carrio, da prefeitura, diz à reportagem que a mudança não é uma imposição intransigente e que agências e guias turísticos podem referir-se à cidade como bem entenderem.
Tampouco haverá pressão para que o aeroporto mude os letreiros que hoje incluem o “de Maiorca” na entrada. “Não nos incomoda”, afirma.