Integrantes do Ministério Público de Goiás (MP-GO) reuniram-se nesta segunda-feira (5/10) com o novo presidente da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), padre André Ricardo de Melo, para estabelecimento de providências emergenciais na associação visado à adequação da gestão ao que estabelecem as normas.
Conforme destacou a coordenadora da Área de Patrimônio Público e Terceiro Setor do Centro de Apoio Operacional do MP-GO, Fabiana Lemes Zamalloa do Prado, é necessária a alteração do estatuto da Afipe com o fim de garantir a integridade da gestão e sua adequação à legislação vigente.
Ela acrescentou que as inúmeras ilegalidades já apuradas na gestão anterior podem levar à extinção da associação, caso medidas não sejam adotadas para a correção dessas irregularidades. “Objetivando preservar as atividades de interesse social desenvolvidas pela Afipe é que se propõe uma reestruturação administrativa que garanta efetiva fiscalização, prestação de contas e deliberação pelos órgãos colegiados”, apontou.
O padre André Ricardo garantiu que é também interesse da entidade fazer todas as adequações necessárias para que a Afipe cumpra sua missão primordial, que é, segundo ele, ser um braço evangelizador do Santuário do Divino Pai Eterno. Desse modo, ele comprometeu-se a indicar as alterações que serão implementadas e nos prazos a serem sugeridos pelo MP-GO. Um ofício será dirigido à entidade ainda nesta semana, com prazo de 10 dias úteis, a partir do recebimento, para a apresentação dessas adequações, com o encaminhamento do relatório de ações e documentos comprobatórios.
Foram adiantadas algumas medidas já tomadas pela associação, como a contratação de uma auditoria independente, cujos trabalhos tiveram início hoje (5/10), a substituição da Diretoria Jurídica e o início do processo de rescisão com a assessoria contábil.
Participaram também do encontro os promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Sebastião Marcos Martins, Sandro Henrique Silva Halfeld Barros e Fernando Cesconetto. Eles conduzem a investigação criminal relativa aos atos apurados na Operação Vendilhões, deflagrada em 21 de agosto.
É apurada, no caso, a prática de possíveis crimes de apropriação indébita, lavagem de capitais, organização criminosa, sonegação fiscal e falsidade ideológica por ex-dirigentes das Afipes, que recebiam doações em dinheiro de fiéis.
Estiveram presentes ainda o vice-presidente da Afipe, padre João Bosco de Deus, além de advogados da associação e da Congregação Redentorista.
Investigação criminal
De acordo com os promotores que conduzem as investigações criminais, cerca de 90% das testemunhas já foram ouvidas e 70% dos documentos, analisados. Eles destacam que algumas testemunhas ouvidas, que haviam sido apontadas como “laranjas”, admitiram que desconheciam que seus nomes eram usados de forma indevida.
A investigação aguarda ainda o espelhamento (acesso a informações) dos telefones apreendidos durante a operação, que ainda não foi fornecido. O próximo passo será a condução dos interrogatórios.