Categorias: Política

“Para o PT é propina e para o PSDB é lucro?”, diz Rubens Otoni

Em entrevista ao jornalista Altair Tavares e o radialista Marcley Matos, do Diário de Goiás, o deputado federal, Rubens Otoni (PT), falou sobre a situação delicada do Partido dos Trabalhadores e a queda na popularidade da presindente Dilma Rousseff (PT).

Segundo Rubens Otoni, as elites econômica, política, e empresarial do país, em aliança, tentam chegar ao poder por meio de um golpe e sem necessariamente passar pelo processo eleitoral.


Confira a entrevista na íntegra:

Marcley Matos: O PT fez 35 anos. Um dia antes, a operação que está investigando desvios envolvendo membros do governo federal, e a prisão ou condução de um dos membros da cúpula do partido. Como o PT vai se organizar a partir de agora?

Rubens Otoni: O PT tem uma grande responsabilidade de enfrentar o momento delicado não apenas da história do PT, mas da história do Brasil. O Brasil é um país que tem uma democracia muito recente e muito débil ainda. Nós estamos, esse ano, completando 515 anos de descoberta, 389 anos desses de império, menos de 130 anos de República, e nessa República nós ainda não conseguimos chegar a 30 anos de democracia. Então o período mais extenso de democracia que o Brasil viveu foi justamente este período que nós estamos vivendo. E o que nós estamos enfrentando não é nem a investigação feita de possíveis irregularidades, o que me traz mais preocupação é o que está por trás de todo esse processo de aproveitamento dessa investigação.

Altair Tavares: O que seria isso?

Rubens Otoni: Uma coisa são as possíveis irregularidades sendo investigadas na Petrobras, outra coisa é a aliança entre a elite empresarial, a elite econômica, a elite política e segmentos da mídia, na tentativa de chegaram ao poder sem necessariamente terem que passar pela eleição.

Altair Tavares: Em Belo Horizonte, o ex-presidente Lula disse que havia uma tentativa de criminalizar o Partido dos Trabalhadores que não é nova e que vem há um bom tempo. O senhor concorda com esse ponto de vista?

Rubens Otoni: Mais grave do que a tentativa de criminalizar o Partido dos Trabalhadores é o motivo pelo qual eles tentam criminalizar o Partido dos Trabalhadores. Porque esta elite política e empresarial é a mesma elite que não acreditava que o Lula pudesse ser eleito Presidente do Brasil. E quando o Lula foi eleito, eles achavam que o Lula não seria capaz de governar o Brasil. “Daqui há quatro anos a gente volta”. E o Lula se reelegeu. Quando o Lula se reelegeu, eles imaginaram que ele não seria capaz de fazer o sucessor e ele fez a Dilma como sucessora. Mas eles também não imaginaram que a Dilma seria capaz de ser reeleita e ai o desespero desse segmento, que ao perderem a eleição presidencial pela quarta vez, já antevem que vão ter que enfrentar nas ruas o próprio Lula. Se eles não derrotaram a Dilma, eles já começam a imaginar como será daqui a quatro anos. Então isso faz com que aconteça uma movimentação, no meu entendimento, isso não é novo na política brasileira. Isso aconteceu com Getúlio, aconteceu com Jango, e as vezes a gente não discute isso, só discute depois que acontece. Isso me pareceu mais grave que a criminalização do PT.

Altair Tavares: A pesquisa Datafolha, com essa vertiginosa queda na avaliação positiva da presidente Dilma e o crescimento da avaliação negativa, leva a seguinte pergunta. Como sair desta incômoda situação?

Rubens Otoni: Eu vejo que precisamos ter duas ações efetivas. Primeiro, a ação de governo, no sentido de poder garantir governabilidade, não apenas do ponto de vista institucional, Câmara, Senado, atuação dos Ministérios, diálogo com a população, esclarecimento das ações e dos momentos do governo. E segundo, um debate franco e aberto com a sociedade sobre o que está por trás das notícias e por trás de todos esses fatos, os bastidores e os interesses que às vezes não são colocados as claras e de maneira transparente. Essa é a disputa principal que nós precisamos fazer nesse momento.

Altair Tavares: Disse ai que a presidente Dilma Rousseff deve aparecer mais para defender o seu governo. O senhor avalia essa ideia de forma positiva ou não?

Rubens Otoni: Acho, acho uma ideia positiva dentro desse primeiro aspecto que eu coloquei, o aspecto da governabilidade e do diálogo institucional do Executivo com a população. O mês de janeiro foi de muito trabalho interno, de montagem de governo, fez com que a presidente ficasse muito distante e não tivesse esse contato direto, essa afirmação, defesa do seu governo, e isso é positivo. Mas, repito: o que me preocupa mais é o debate que está sendo feito, está sendo engendrado de maneira não transparente, aquilo que às vezes não é visto por de trás das notícias e dos fatos que acontecem hoje na questão da Petrobras. Por exemplo, tenta-se, de maneira até indecente, ligar toda uma investigação na Petrobras com possíveis irregulares nas contribuições dessas empresas com o Partido dos Trabalhadores.

Altair Tavares: Contribuições do doações de campanha?

Rubens Otoni: Doações de campanha. Primeiro lugar, estas empresas que estão sendo investigadas na Petrobras, elas não doaram apenas para o Partido dos Trabalhadores. Elas fizeram doações para o PT, para o PMDB, para o PSDB, para o DEM, para o PP, para vários partidos. Agora, por que que se tenta colocar a notícia que essas doações que as empresas fizeram são propina? São doações legais, feitas nas formas da lei, nas contas, colocadas na Justiça Eleitoral.

Altair Tavares: Foi isso que o Vaccari disse na investigação?

Rubens Otoni: As contribuições, eu não sei o que ele disse. Mas as contribuições, por que é que as contribuições destas empresas para o PT elas têm que ser vistas como propina? E as contribuições dessas empresas para o PSDB? Elas são o que? Lucro? Para o PT é propina e para o PSDB é lucro? Se é a mesma contribuição, doada pela Justiça Eleitoral, na conta do partido de maneira como a Justiça Eleitoral exige. Isso é uma demonstração de que existe uma tentativa de desmoralização, de criminalização, como você disse, mas que vai além. Vai na tentativa de desestabilizar o partido da presidenta, com isso desestabilizar o governo, e quem sabe ai, esta elite política e empresarial, que não consegue o voto necessário para chegar ao poder, possa chegar ao poder sem ter que passar por eleição, o que seria um absurdo.

Altair Tavares: Os petistas diante desta situação estão acuados? De certa forma estão com receio da defesa do partido de Dilma Rousseff:

Rubens Otoni: Não, eu não vejo dessa forma. Eu vejo até que hoje nós estamos mais preparados do que em 2006, quando nós tivemos que enfrentar toda aquela discussão sobre o Mensalão. Naquele momento sim nós fomos surpreendidos porque era uma novidade. Hoje, nós sabemos desta realidade, desta aliança desse segmento da elite brasileira na tentativa de poder tomar o poder não por forma da eleição, mas por meio de um golpe, o partido tem todas as condições de reagir e de fazer a sua defesa em todos os segmentos.

Laura Santos Braga

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