Rodrigo Janot
Sem citar nomes, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse na noite desta segunda (19) que entre as pessoas que acusam o Ministério Público de cometer abusos na operação Lava Jato estão aquelas que querem “defender os amigos poderosos” e se aproveitam das “regalias do poder”.
Segundo ele, esses críticos “empunham estrepitosamente a bandeira do estado de direito, mas desejam mesmo é defender os amigos poderosos com os quais se refestelam nas regalias do poder”.
Pela manhã, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, disse que a Lava Jato se expandiu demais e que é preciso criticar os “abusos”.
O magistrado fez referências à investigação do presidente Michel Temer, envolvido na delação da JBS. “É preciso colocar limites. Não podemos despencar para um modelo de Estado policial, como também não se pode cogitar de investigações feitas na calada da noite, arranjos, ações controladas que têm como alvo qualquer autoridade ou o próprio presidente da República, por que não?”.
“Há pessoas que acusam o Ministério Público e a Lava Jato de abuso. Afirmam que o Brasil está se tornando um Estado policial de exceção. Só dois tipos de pessoas adotam e acolhem esse discurso”, disse Janot.
“Os primeiros nunca viveram em uma ditadura. Eu vivi. Não conhecem, por experiência própria, o que representa uma vida sem liberdade; militam, portanto, na ignorância”, continuou o procurador.
Segundo ele, há também “os que não têm compromisso verdadeiro com o país”.
“A real preocupação dessas pessoas é com a casta privilegiada da qual fazem parte”, afirmou.
Durante discurso em evento do Conselho Nacional do Ministério Público, Janot disse ainda que o MP “está em guerra contra um inimigo sem face”.
“Não é definitivamente uma guerra contra pessoas ou contra partidos; mas, sim, contra a impunidade e a corrupção que dilapida o patrimônio do país.”
Janot afirmou que tem recebido “palavras de encorajamento e incentivo” para que siga no cumprimento de seu dever.
“Não há mais espaço para a apatia. Ou caminhamos juntos contra essa vilania que abastarda a política, ou estaremos condenados a uma eterna cidadania de segunda classe, servil e impotente contra aqueles que deveriam nos representar com lealdade”, disse o procurador.
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