Para evitar uma rebelião da bancada federal do PMDB na Câmara dos Deputados, o presidente Michel Temer avalia recriar o posto de líder da maioria, acomodando o partido em um cargo de articulação política.
A proposta é discutida desde o ano passado entre o governo federal e a base aliada e ganhou força junto ao presidente desde o início da semana, diante das queixas do partido de perda de espaço na Esplanada dos Ministérios.
Nas palavras de um assessor presidencial, a recriação do posto a partir da próxima semana tem “70% de chances de ocorrer”, faltando apenas uma decisão final do presidente. Os principais cotados para assumir o posto são os peemedebistas Baleia Rossi (SP) e Lelo Coimbra (ES).
O PMDB cobra uma contrapartida do Palácio do Planalto por ter sido entregue ao PSDB o comando da Secretaria de Governo, pasta responsável pela articulação política junto ao Congresso Nacional e que antes era chefiada por Geddel Vieira Lima (PMDB).
Com a recriação do posto, o presidente evitaria se indispor com o chamado centrão, retirando da liderança do governo o deputado federal André Moura (PSC-SE), próximo ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Preso no rastro da Operação Lava Jato, Cunha tem ameaçado nos bastidores prejudicar o governo federal em depoimentos à Justiça Federal caso seja trocado o líder do governo federal.
O presidente reconhece que não foram fechadas as feridas no PMDB da disputa pelo comando da Câmara dos Deputados e tem manifestado a preocupação de que elas interfiram nas votações das reformas previdenciária e trabalhista.
Na prática, a relevância da liderança da maioria é mínima. No entanto, é mais uma estrutura para acomodar indicações políticas. O PMDB é a maior bancada da Câmara, com 65 deputados.
O apetite do partido por cargos aumentou ainda mais quando o PSDB chegou, na semana passada, ao total de cinco ministérios no governo Temer, um a menos que o PMDB.
Pressionavam o Planalto pela liderança do governo e queriam espaços também nos Ministérios da Saúde, da Educação e de Cidades, mais políticos.
Apesar de negarem interesse no Ministério da Justiça e Segurança Pública por considerarem a pasta alvo de muito desgaste com a crise penitenciária e com a Lava Jato, peemedebistas de Minas Gerais fazem lobby para emplacar o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).
No Senado Federal, também causou temor a reação do peemedebista Raimundo Lira (PB) com a escolha de Edison Lobão (MA) para a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), em um movimento que teve as digitais de Renan Calheiros (PMDB-AL).
Para evitar insatisfações na bancada do partido, o Palácio do Planalto costura acordo para que Lira seja o relator da reforma previdenciária quando ela chegar ao Senado Federal.
Folhapress