O fato de o ex-ministro Geddel Vieira Lima ter deixado o comando da Secretaria de Governo antes da operação policial desta sexta-feira (13) deixou aliviado o entorno do presidente Michel Temer.
O diagnóstico é que caso ele ainda estivesse na pasta, o episódio poderia criar uma nova crise e desgastar ainda mais a imagem do governo federal.
Apesar do tom de alívio, há receio entre assessores e auxiliares presidenciais de que o ex-ministro, amigo pessoal de Temer, possa ter se referido ao nome do presidente, em uma citação lateral, em alguma gravação monitorada pela Polícia Federal.
Segundo relatório da Operação Cui Bono?, Geddel discutiu com o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato, as condições das taxas de juros para um empréstimo do FI-FGTS da Caixa Econômica Federal para a BRVias em 2012.
Geddel foi vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013. Para a Polícia Federal, Cunha liderou um esquema que envolveu Geddel e outras duas pessoas para angariar propina das empresas que seriam beneficiadas pelo esquema.
O grupo contaria com Fabio Cleto, que ocupava outra vice-presidência na Caixa, e com o doleiro Lúcio Funaro, também preso pela Lava Jato. Cleto é delator do esquema na operação.
O ex-ministro deixou o comando da Secretaria de Governo no final da semana passada, após ser acusado pelo também ex-ministro Marcelo Calero, da Cultura, de ter atuado na esfera pública para viabilizar um empreendimento imobiliário no qual ele havia comprado um apartamento.
(FOLHA PRESS)