Em sua mensagem de Natal, nesta segunda-feira (25), o papa Francisco pediu paz em Jerusalém e orações para “alcançar uma solução que permita a coexistência de dois Estados” para palestinos e israelenses.
“Neste dia de festa, invocamos o Senhor pedindo paz para Jerusalém e para toda a Terra Santa.”
“Rezemos para que, entre as partes envolvidas, prevaleça a vontade de retomar o diálogo e, finalmente, chegar-se a uma solução negociada, permitindo a coexistência pacífica de dois Estados”, declarou.
“Que o Senhor também sustente os esforços de todos aqueles membros da comunidade internacional, movidos por boa vontade, que desejam ajudar essa terra martirizada a encontrar o entendimento, a justiça e a segurança que espera há tanto tempo”, continuou, em uma aparente alusão ao presidente dos EUA, Donald Trump.
No início do mês, Trump anunciou que reconhecia Jerusalém como capital de Israel e determinou a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para lá.
O anúncio, que reverteu quase sete décadas de política externa americana, foi criticado por líderes mundiais e causou indignação entre os líderes palestinos, árabes e muçulmanos. Palestinos reivindicam Jerusalém oriental como a capital de um futuro Estado palestino.
Após a decisão, o papa fez um apelo ao “respeito do status quo”, em conformidade com as resoluções da ONU, que defende que a situação de Jerusalém só seja definida ao final das negociações de paz entre os dois povos.
Na mensagem proferida diante de milhares de fiéis na praça São Pedro, no Vaticano, Francisco alertou contra “os ventos da guerra” e um “modelo de desenvolvimento caduco que segue provocando degradação humana, social e ambiental”.
COREIAS
Ele também pediu que “aumente a confiança mútua” na península Coreana, “pelo bem do mundo todo”, referindo-se às tensões entre a Coreia do Norte e a Coreia.
O pontífice ainda abordou a situação da Venezuela. Pediu um “diálogo sereno” pelo “bem de todo o querido povo venezuelano.” A citação foi feita no dia seguinte à liberação de 36 opositores do governo presos, após decisão da Assembleia Constituinte da Venezuela.
MISSA DO GALO
Na tradicional Missa do Galo, celebrada à meia-noite de sábado para o domingo, o papa Francisco fez uma forte defesa dos imigrantes, comparando-os a Maria e José buscando um lugar para ficar em Belém e dizendo que a fé exige que estrangeiros sejam bem recebidos.
Celebrando o quinto Natal de seu papado, Francisco conduziu a missa solene diante de 10 mil pessoas na basílica de São Pedro, enquanto muitos outros acompanharam o cerimônia da praça do lado de fora.
O Evangelho lido durante a Missa recontou a história de como Maria e José tiveram de viajar de Nazaré para Belém devido ao censo ordenado pelo imperador romano César Augusto.
“Tantos passos estão escondidos nos passos de José e Maria. Vemos o percurso de famílias inteiras forçadas a fugir nos nossos dias. Vemos o percurso de milhões de pessoas que não escolhem fugir, mas são expulsas de sua terra e deixam para trás seus entes queridos”, disse o papa na homilia.
Mesmo os pastores que, segundo a Bíblia, foram os primeiros a ver o Menino Jesus “foram forçados a viver às margens da sociedade” e considerados estrangeiros sujos e malcheirosos, disse. “Tudo neles gerava desconfiança. Eles eram homens e mulheres a serem deixados à distância, a serem temidos.”
Usando vestes brancas, o papa Francisco pediu uma “nova imaginação social em que as pessoas não devem ter medo de que não haja lugar para elas nesta terra”.
Francisco, 81, filho de imigrantes italianos e nascido na Argentina, tem feito da defesa de imigrantes um dos princípios de seu papado, com frequência colocando-se em oposição a líderes políticos.
Em sua homilia, ele afirmou: “Nosso documento de cidadania” vem de Deus, tornando o respeito aos imigrantes uma parte integral de ser cristão.
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