O Palmeiras se revoltou por ter sido apontado pelo jornal argentino Clarín como clube que dá apoio à candidatura de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil. Em notícia publicada nesta terça-feira (9), o veículo ainda afirmou que o Alviverde tinha ligações históricas com o fascismo e que tem fama de racista.
O time do Palestra Itália se incomodou tanto com a publicação da reportagem que ligou para o jornal e exigiu um espaço de resposta.
Para justificar sua informação, o Clarín se baseou em dois episódios. O primeiro foi a declaração de apoio dada por Felipe Melo após um gol contra o Bahia. Na ocasião, o volante pediu a pronta recuperação do candidato, que acabara de ser atingido com uma facada.
O clube emitiu nota no mesmo momento para dizer que cada atleta tinha suas preferências, mas que a posição não refletia os pensamentos da instituição.
O segundo episódio usado pelo jornal argentino foi a manifestação de um grupo de torcedores organizados. Em um vídeo que circulou pela internet, eles entoavam um grito homofóbico no metrô que citava apoio a Bolsonaro.
Neste caso, o clube explicou que não pode se responsabilizar por atos isolados de parte da torcida e que acontecem fora de seus domínios.
Confira a nota do Palmeiras:
Com relação ao artigo “La disputa política llega al fútbol: la hinchada del Palmeiras se declara ‘bolsonarista'”, a Sociedade Esportiva Palmeiras vem a público esclarecer:
O Palmeiras, em momento algum, declarou apoio a qualquer candidato a presidente do Brasil. Como o próprio texto ressalta, o clube, após as declarações do atleta Felipe Melo, emitiu uma nota ratificando a posição de neutralidade nas eleições, lembrando que se tratava de uma posição pessoal do jogador.
Sobre o vídeo com canções homofóbicas no metrô, o Palmeiras não é responsável por atos isolados de torcedores que não representam a instituição e seus valores. São 16 milhões de palmeirenses espalhados por todo o país, e generalizar que a torcida do Palmeiras apoia determinado candidato é, no mínimo, imprecisão jornalística e incoerência, já que, no mesmo texto, é citada a existência de um grupo chamado Palmeiras Antifascista.
Tão grave ou mais são as afirmações de que o Palmeiras é uma “institución con una dura historia vinculada al fascismo italiano”, que era “un germen fascista dentro de Brasil” e que “no pudo sin embargo desprenderse de la fama de racista que había sabido ganar”. Não sabemos quais historiadores foram consultados, mas, certamente, não conhecem a história do clube e do futebol brasileiro.
Em nossa ata de fundação, em 1914, constam os nomes de 46 pessoas, entre elas, brasileiros sem nenhuma ascendência italiana (portanto, nunca houve distinção étnica no clube). Fomos fundados por operários, trabalhadores e profissionais autônomos. Enfrentamos o establishment do futebol paulistano, à época dominado pela aristocracia, e fomos um dos grandes responsáveis pela popularização do esporte na cidade. O contingente de torcedores do Palestra Italia lotando os jogos do time foi, inclusive, motivo de artigo de jornal, impressionado com a capacidade do clube de mobilizar as massas. E não havia restrição de etnia, de gênero ou de classe social nessas massas.
O Palestra foi, sim, duramente perseguido durante a Segunda Guerra por conta do posicionamento do governo brasileiro. Foi vítima de preconceito unicamente por ter “Italia” no nome. O clube nunca declarou apoio ao Eixo. Inclusive, um dos jogadores ícones do time em 1942, quando o clube foi obrigado a mudar de nome, era o negro Og Moreira…
Feitos os devidos esclarecimentos, lamentamos profundamente que os leitores de um jornal da importância do Clarín tenham se deparado com um texto com tanto desconhecimento histórico e com tanta generalização incorreta.
Atenciosamente,
SE Palmeiras